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Cena do novo Fallout: New Vegas, que repete bons momentos da série, colocando a ação no deserto de Mojave | Divulgação/Bethesda
Cena do novo Fallout: New Vegas, que repete bons momentos da série, colocando a ação no deserto de Mojave| Foto: Divulgação/Bethesda

Ficha técnica

Fallout: New Vegas

- Plataforma: Xbox 360, PS3 e PC

- Produtora: Bethesda

- Categoria: RPG

- Preço: R$ 199

- Pró: Muito parecido com Fallout 3

- Contra: Demora nas telas de carregamento de fases

Com a licença dos leitores, a coluna desta semana vaticina: Fallout 3 é o me­­lhor jogo desta geração de videogames. Não é o que tem melhores gráficos, muito menos aquele que se destaca pelo refinamento sonoro. Bem da verdade, não desponta em nenhum aspecto puramente técnico. Os olhares mais críticos poderiam afirmar, ainda, que o jogo não teria grandes perdas caso tivesse sido lançado para o Playstation 2. O que é uma grande bobagem. Fallout 3 é possivelmente uma das melhores amostras do que este meio é capaz: uma imersão profunda e prolongada num mun­­do imaginário e interativo.

E não é exagero. Alguns críticos de renome, como o jornalista Keith Stuart, do jornal britânico The Guardian, já estão discutindo se este tipo de jogo não seria a li­­teratura do futuro. E há alguma razão nisso tudo, principalmente ao se perder alguns dias no mundo devastado de Wasteland, onde se passa Fallout 3.

Em primeiro lugar, o jogo é com­­pletamente não linear. O roteiro principal – a busca pelo pai do protagonista – é um fiapo de história que nem precisa ser, necessariamente, seguido à risca. A liberdade é tamanha que muitos jogadores preferem não terminar o jogo para descobrir tramas paralelas, desenvolver o personagem ou apenas passear pelos cenários pós-apocalípticos.

Fallout também enterra o per­­sonagem reto, raso e imutável. As ações dos jogadores interferem diretamente na personalidade do protagonista, classificadas entre boas (ajudar alguém, ser leal...) e más (roubar, matar...).

Não há, no entanto, maniqueísmo barato. Pode-se construir um personagem com profunda ambiguidade moral. As interações do computador também variam conforme o carácter do protagonista. Tornando-se uma aventura diferente para cada jogador. O que mais impressiona, inclusive, é a capacidade dos programadores em criar uma inteligência artificial que dá base para que os personagens não-jogavéis consigam construir diálogos interessantes e pouco óbvios (aqui que se baseiam as teses sobre a nova literatura). Com o tempo, a maioria dos jogadores acaba tomando como plausíveis e com muito verossimilhança os contatos com os robôs. Difícil é decidir quando pôr fim na história e tirar o disco do console.

O prólogo desta coluna é para dar um panorama no que o leitor irá encontrar ao colocar as mãos em Fallout: New Vegas, lançado no mês passado. Muito mais do mes­­­­mo. Uma boa notícia, enfim. Nesta jornada, o jogador encarna uma espécie de mercador numa Las Vegas destruída no longínquo ano de 2281 (204 após uma hecatombe nuclear). A história começa nos arredores do deserto de Mojave, quando o jogador é atacado e roubado. A mercadoria que levava, porém, é extremamente valiosa e é preciso ir atrás dos bandidos para recuperá-la. No meio do caminho, há um conflito entre duas facções que dividem o que resto do mundo. A New California Republic comanda oficialmente as cidades. Já a Caesar Legions tenta uma rebelião para dominar a região.

Quem jogou o anterior não terá dificuldades para se adaptar com os comandos. Os produtores decidiram manter quase intacto o excelente sistema de combate da série, que permite escolher em qual parte do corpo do adversário se quer atingir. Uma das poucas mudanças é a possibilidade de escolher cada detalhe do personagem ao iniciar o game e a inclusão de um modo de disputa "hardcore".

Quando habilitado este mo­do, o jogo torna-se extremamente difícil, fazendo o jogador se preocupar com o peso dos itens que carrega, ter que esperar mais tempo para se recuperar e gerenciar necessidades mais mundanas, como sono, sede e fome.

Debaixo das já muito desgastadas luzes de neon, fica evidente que a produtora não fez questão nenhuma em tentar melhorar os gráficos da série. Sem problemas, afinal videogames não são (ou pelo menos não deveriam ser) sinônimos de gráficos em alta resolução. Uma boa ex­­periência vale muito mais que um punhado de polígonos.

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