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Ok, pessoal, chegou a hora. É o momento de decisão da reforma da saúde. Esforços anteriores para dar aos americanos o que os cidadãos de todos os outros países avançados já têm – acesso garantido ao atendimento essencial – acabaram não com um estrondo, mas em lamúria, geralmente morrendo em um comitê, sem nem mesmo entrar em votação.

Mas, desta vez, projetos de re­­forma da saúde altamente semelhantes passaram pelos múltiplos comitês em ambas as casas do Congresso. E na quinta-feira, Nancy Pelosi, a presidente da Câmara, apresentou a legislação que enviará ao plenário, onde quase certamente será aprovado. Não é um projeto de lei perfeito, nem de perto, mas é muito mais forte do que quase todo mundo esperava há poucas semanas. E levaria a uma cobertura quase universal.

Como resultado, todos na classe política – quero dizer, políticos, pessoas na imprensa e assim por diante, basicamente todos aqueles em posição de influenciar a etapa final desta maratona legislativa – terão que fazer uma escolha. O sonho aparentemente impossível de uma reforma fundamental da saúde está a poucos passos de se tornar realidade, e cada agente precisa decidir se ele ou ela o ajudará a cruzar a linha de chegada ou ficará em seu caminho.

Para os conservadores, é claro, é uma decisão fácil: eles não querem que os americanos te­­nham cobertura universal e não querem que o presidente Barack Obama seja bem-sucedido.

Para os progressistas, é uma decisão ligeiramente mais difícil: eles querem atendimento uni­­versal e querem que o presidente seja bem-sucedido – mas a legislação proposta fica aquém de seu ideal. Ainda há alguns de­­­fensores da reforma que não acei­­tam qualquer coisa que não seja uma transferência plena de todos para o Medicare (o atendimento de saúde público para idosos e inválidos), e não um sistema híbrido, de meio-termo, que depende muito dos planos de saúde privados. E mesmo aque­­les que aceitaram a realidade política estão decepcionados pelo projeto de lei não incluir uma opção pública "forte", com a tabela de pagamentos do Me­­dicare.

Mas o projeto de lei inclui uma opção pública de "força mé­­dia", na qual o plano público ne­­gociaria os valores pagos – desafiando as previsões dos especialistas, que repetidamente declararam como morto qualquer ti­­po de plano de opção pública. Ele também inclui subsídios mais generosos do que o esperado, fa­­cilitando para famílias de baixa renda ter acesso à cobertura. E se­­gundo estimativas do Escritó­rio de Orçamento do Congresso, quase todos – 96% dos cidadãos legais jovens demais para ter di­­reito ao Medicare – teriam um plano de saúde.

Logo, os progressistas devem apoiar este plano? Sim. E provavelmente irão. As pessoas que realmente precisam se decidir, então, são aqueles na faixa intermediária, os chamados centristas.

O estranho a respeito desse grupo é que apesar de seus membros estarem claramente desconfortáveis com a ideia de apro­­var uma reforma da saúde, eles estão tendo muita dificuldade para explicar qual é exatamente seu problema. Ou para ser mais preciso e menos educado, eles estão atacando a legislação proposta por fazer coisas que não faz e por não fazer as coi­­sas que faz.

Assim, o senador Joseph Lie­­berman de Connecticut diz: "Eu quero poder votar em uma reforma da saúde, mas minha maior preocupação é o déficit". Essa seria uma objeção séria às propostas atualmente na mesa se fossem, de fato, aumentar o déficit. Mas não iriam, pelo me­­nos segundo o Escritório de Orça­mento do Congresso, que estima que o projeto da Câmara, em particular, na verdade reduziria o déficit em US$ 100 bilhões ao longo da próxima década.

Ou considere a discussão no­­tável que ocorreu nesta semana entre Peter Orszag, o diretor de orçamento da Casa Branca, e Fred Hiatt, o editor de opinião do "The Washington Post". Hiatt criticou o Congresso por não adotar os passos que ele considera necessários para controlar os custos do atendimento de saúde –taxar os planos de saúde de alto custo e estabelecer uma comissão independente para o Medi­care. Escrevendo em seu blog do escritório de orçamento – sim, existe um, e é leitura obrigatória – Orszag apontou, de forma nada gentil, que o projeto do Comitê de Finanças do Senado inclui ambas as medidas supostamente ausentes.

Eu não vou tentar psicanalisar os "contrários", como Orszag os descreve. Eu apenas pediria que dessem uma boa olhada no espelho. Se realmente quiserem se alinhar aos conservadores linhas-duras, se realmente quiserem matar a reforma da saúde, que assim seja. Mas eles não de­­veriam se esconder atrás de alegações de que realmente apoiariam a reforma da saúde se fosse melhor concebida.

Pois este é o momento da verdade. O ambiente político nunca foi mais favorável à reforma. A legislação que está na mesa não é perfeita, mas é melhor do que alguém poderia razoavelmente esperar. A história está prestes a ser feita – e todos precisam decidir de que lado estão.

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