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Amanda, Leonardo e Renato são irmãos e têm idade variando entre 17 e 22 anos. Dos três, apenas Renato, o mais novo, estuda, trabalha meio período e demonstra ambição em crescer profissionalmente. Os outros dois adotam uma atitude passiva perante a vida: não têm vontade de dar continuidade a seus estudos nem tomam atitudes efetivas para a conquista de um emprego, embora estejam há meses sem uma ocupação e seu orçamento familiar não seja confortável.

Desde que seus pais se separaram, há quase dez anos, os meninos preferiram ficar com a mãe, que mantém a casa com o próprio salário e a pensão paga pelo ex-marido. Porém, depois do divórcio, a situação vivida por eles passou a ser bem diferente daquela que experimentaram durante a convivência do casal, quando o dinheiro do pai bastava e até permitia à família certas extravagâncias.

Na época, com um mercado de trabalho bem menos exigente do que o atual, nenhum dos membros do casal se sentiu motivado a concluir um curso superior. Sem prever que o fator educação um dia iria ganhar mais importância nesse mercado, os pais também não viram necessidade de escolher escolas de boa qualidade para seus filhos ou de incentivá-los a manter boas notas.

Aliás, a permanência do pai na mesma empresa até hoje e a condição medíocre em que atualmente se encontram muitos profissionais diplomados o levam a concluir que a formação acadêmica continua sendo um fator acessório na conquista e manutenção de uma vaga de emprego. Ainda no passado, a estabilidade do pai no trabalho garantiu tranqüilidade à família nas ocasiões em que a mãe desperdiçou as boas oportunidades profissionais que estiveram a seu alcance.

Hoje, os recursos com que mãe e filhos vivem são poucos. Mas por mais que a família enfrente dificuldades financeiras, o comportamento dos filhos mais velhos não se altera. O caso da garota tem outra particularidade: apesar de as ofertas de trabalho surgirem até com uma certa facilidade para ela, sempre há nas propostas um detalhe que a desagrada e que acaba instigando-a a pedir ou a forçar a demissão.

Depois de os pais tentarem, sem sucesso, convencer de várias maneiras os dois jovens a sair desse estado de apatia, coube à mãe adotar uma medida mais drástica. Com a intenção de fazer os filhos perceberem o buraco que estão cavando para si próprios, ela optou, com o coração apertado, por sair de casa e deixá-los morando temporariamente sozinhos. No momento, ela vive com uma tia e assiste a distância ao dia-a-dia dos meninos – mas ainda sem ter certeza de que resultados irá colher depois dessa experiência, que está apenas começando.

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A história de hoje mostra que alguns pais, com a intenção de proteger seus filhos, acabam fechando-os em uma redoma e, conseqüentemente, transformando-os em adultos fracos e alienados. Como pais zelosos, há profissionais que tendem a superproteger seus subordinados, cuidando das questões mais relevantes e tomando para si toda a responsabilidade. Essa postura, como no exemplo dos personagens, pode transformar bons subordinados em profissionais preguiçosos, com pouco comprometimento e visão limitada. Ou seja, o excesso de proteção é destrutivo tanto no meio familiar quanto no empresarial, visto que o ser humano precisa de desafios para se superar. Afinal, o crescimento das pessoas se deve, em parte, ao meio em que elas vivem: às dificuldades impostas, às vitórias e, sobretudo, às derrotas.

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