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Esta semana decidi fazer algo um pouco diferente. Como leitores me escrevem e-mails, decidi acatar algumas sugestões de assuntos, publicá-las aos domingos e explicar seus casos nas terças-feiras. Vou transcrever, portanto, o e-mail de um profissional que me escreveu na última semana:

"Tenho 46 anos e estou numa fase muito delicada de minha vida profissional. Encontro-me em uma situação em que preciso tomar uma decisão, mas receio escolher errado. Aos 35 anos entrei para o ramo de seguros, mais especificamente, na área de benefícios (seguro de vida e previdência privada).

Iniciei neste ramo em um banco multinacional como consultora financeira nas áreas de proteção familiar e financeira. Fiquei três anos trabalhando lá, quando surgiu uma oportunidade em uma corretora. Os trabalhos eram bastante semelhantes, a principal diferença eram os públicos atendidos.

Ao completar 38 anos, engravidei (não estava planejado). Como já havia criado dois filhos juntamente com a "loucura" do trabalho, resolvi fazer outra "loucura": sair do trabalho e ficar em casa curtindo essa criança que viria, já que nunca tinha me permitido aproveitar este privilégio. Foi o que fiz!

Fiquei quatro anos em casa, mas chegou a hora em que eu necessitava voltar ao mercado de trabalho. O que eu não havia me dado conta é de que eu estava com 43 anos e afastada do mercado de trabalho há quatro anos. Infelizmente não consegui me recolocar em nenhuma seguradora, pois os executivos de contas em geral são pessoas mais jovens e eu não tinha nenhuma experiência gerencial.

Consegui me recolocar em uma corretora de seguros, primeiramente para atuar com seguros de vida e em alguns meses, consegui ser promovida a gerente de equipe, apesar de sempre ter almejado voltar a uma seguradora, onde o nível salarial é bem melhor. Participei de alguns processos seletivos, sempre para a área gerencial. Ficava entre as três finalistas, mas não conseguia conquistar a vaga, pois sempre havia alguém com mais experiência que eu.

A situação embaraçou na minha cabeça quando um antigo diretor meu, daquele banco multinacional, entrou em uma seguradora para montar um projeto novo, muito parecido com algo que eu já tinha experiência. Convidou-me para entrar como consultora financeira (nível mais baixo do que já tinha alcançado). Falei sobre as minhas pretensões gerenciais e ele me informou que já tinha fechado todos os gerentes de equipes. Apesar disso, disse que gostaria muito de me ter na equipe e que em breve seriam abertas novas equipes – e com certeza eu poderia me candidatar à gerência delas. Colocou também que me compreendia caso eu não quisesse entrar neste primeiro momento como consultora ("regredindo", portanto, de posição), para que em outro momento pleiteasse uma posição gerencial, mas novamente deixou muito claro que neste primeiro momento teria apenas oportunidade de consultor.

Resolvi aceitar o desafio de voltar a ser consultora, entendendo que estando dentro da empresa, dentro do processo desde o início, ficaria muito mais fácil pleitear o cargo gerencial, mas para isso, teria que me submeter novamente a passar por "mais do mesmo", fazendo algo que já fiz 10 anos atrás, com pessoas muito mais jovens do que eu (e consequentemente menos maduras e experientes). Será que tomei a decisão correta? Gostaria muito de sua opinião!

Cordialmente, E. G." O caso deste leitor é o mesmo de muitos outros profissionais: tempo excessivo fora do mercado e dificuldade em conseguir uma nova oportunidade do mesmo nível de quando o profissional parou. Até que ponto vale a pena ceder (ou descer) degraus já conquistados na carreira? Falarei melhor sobre o assunto no artigo desta terça-feira. Até lá!

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