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Com a aproximação da Copa do Mundo, e a minha preocupação em como vou agir com meus funcionários para não perder a oportunidade de torcer pela nossa seleção, lembrei-me de uma situação que ocorreu com um empresário amigo.

Na última Copa, a maioria dos jogos acontecia no meio da tarde, mais ou menos como será com algumas partidas deste ano. Pedro decidiu que liberaria seus funcionários, já que tudo pára nos momentos em que a seleção joga. Um dos últimos jogos, porém, o árbitro apitaria o início por volta das 13h, o que significava que às 15h tudo voltaria ao normal. Pedro decidiu, então, liberar os funcionários na hora do almoço, desde que voltassem às 16h. Assim foi feito. Porém, Pedro teve várias surpresas ao retornar à empresa.

Já na organização, deparou com a recepcionista vestida de uma forma um tanto quanto diferente. Ela usava o uniforme da empresa como sempre, entretanto, trazia em seus cabeços borrachinhas verdes e amarelas, prendendo um longo e enfeitado rabo de cavalo. Suas unhas também traziam as cores da seleção, e nos olhos sombras azuis completavam o visual. Meio atordoado com a disparidade de estilos entre o uniforme e os adereços, Pedro apenas a cumprimentou com um sorriso entre dentes, sem saber como chamar-lhe atenção pelo equívoco.

Ao entrar na sala de operações, viu um tumultuado ambiente. As vozes berravam, narrando jogadas do confronto que acabara de acontecer. Uns riam alto, outros imitavam a voz do Galvão Bueno, e outros ainda, cantarolavam musiquinhas típicas de Copa do Mundo. Pedro sentiu que a situação estava fora de controle quando escutou de um dos colaboradores um xingamento ao árbitro, que deixara de marcar uma falta grave aos jogadores brasileiros.

O executivo ficou de mãos atadas. O que acontecia ali era sua culpa, já que ele não previra o nível de animação que as pessoas estariam logo após um jogo da seleção. Foi à cozinha buscar uma água, e, ao mesmo tempo, ensaiar o que iria falar aos colaboradores quando voltasse à sala de operações.

Ao chegar à cozinha, porém, encontrou um de seus funcionários sentado num banquinho, com a cabeça sobre os braços pousados em cima da mesa. O rapaz dormia profundamente. Pedro o chamou e o moço nem se mexeu. Resolveu cutucá-lo, pois ali não era hora, nem lugar para dormir. Como o rapaz sequer se mexeu, Pedro resolveu chacoalhá-lo a fim de despertá-lo daquele sono. E foi assim que, ao acordar e iniciar uma conversa com o chefe, Pedro percebeu que ele estava completamente embriagado.

Àquela altura do campeonato, já era tarde para Pedro querer corrigir qualquer coisa. Pensou no erro que havia sido mandar os funcionários para casa e pedir-lhes que voltassem ao escritório após o jogo, e lamentou ter que se deparar com tais cenas. Voltou à sua sala e, ao atravessar a sala de operações novamente, notou que algumas pessoas não estavam em suas mesas de trabalho. Perguntou a uma de suas colaboradoras, o que exatamente havia acontecido com as pessoas que não estavam ali. E a resposta veio como um desfecho para tantas presepadas: aquelas pessoas optaram por não enfrentar o trânsito que, depois de um jogo de seleção, normalmente fica completamente tumultuado.

Pedro deixou para chamar a atenção de todos no dia seguinte, pois percebeu que sobre aquele dia nada seria ouvido e entendido. Porém, decidiu que a partir daquele jogo, todos seriam liberados pelo resto do dia. Assim, evitaria ter de encontrar os funcionários naquele estado e deixaria de abrir a empresa num dia em que nenhum cliente os procuraria.

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