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Ao longo da nossa vida, precisamos tomar diversas decisões, umas simples que impactam apenas no nosso dia, outras muito mais sérias que impactam em toda a nossa vida, ou ainda na vida de outras pessoas. E é por essas últimas que considero extremamente importante ter responsabilidade diante de nossas decisões. Foi por causa de uma história que conheci na semana passada que resolvi escrever sobre esse assunto.

Rafael era funcionário de uma multinacional e desde que entrara na empresa havia conquistado um desenvolvimento relativamente bom para o tempo que estava lá dentro. Ao longo de cinco anos, conquistara três promoções. Nenhuma das posições, porém, representava uma liderança relevante. Mas há alguns meses, recebera a notícia de que seria promovido, enfim, para sua primeira liderança "de peso", com direito a mudança de cidade e tudo: ele seria agora o responsável por uma das unidades da empresa. Rafael ficou radiante com a novidade, porém recebeu uma incumbência relativamente imprópria. Estra­­nhou o fato de seu superior imediato lhe dizer, em tom despreocupado, que como primeira missão da nova função precisaria demitir um funcionário daquela unidade.

Seu chefe tinha uma explicação muito simples: aquela equipe precisava saber que agora alguém mandava ali e, segundo ele, demitindo alguém já na sua primeira semana, Rafael conquistaria muito brevemente o respeito de seus novos subordinados. O jovem não se sentiu confortável em fazer isso, já que não conhecia sua nova equipe. E se ele demitisse alguém muito bom e importante para a empresa? E se ele demitisse alguém que precisasse muito (mais ainda que os outros) daquele emprego? E sua responsabilidade com os resultados da empresa? E sua responsabilidade humana e social? O que isso tinha a ver com conquistar respeito?

Rafael via claramente que esse método poderia gerar, ao contrário de respeito de seus colaboradores, uma antipatia talvez dificilmente revertida. Perguntou ao chefe, então, se a demissão se deveria a outros fatores, como budget limitado ou uma reestruturação já prevista na empresa. Explicou que se fosse um dos casos, preferia conhecer a equipe antes, para tomar a decisão mais acertada. Seu chefe lhe respondeu que se ele precisasse de tempo, o teria, mas que o motivo era simplesmente conquistar o respeito daquela equipe.

Mudou-se, então, de cidade e assumiu seu posto na nova unidade. Em pouquíssimo tempo entendeu o ritmo da equipe e foi percebendo que conseguiria conquistar o respeito deles de uma forma muito diferente do que esperava seu chefe. Com postura de líder, e levando em consideração as características individuais, desenvolveu algumas estratégias de relacionamento e, muito antes que imaginava, já estava no comando da equipe de forma muito confortável.

Alguns meses depois, seu chefe voltou a tocar no assunto, pedindo que ele tomasse uma decisão a respeito da demissão que havia sugerido há algum tempo. Rafael, por sua vez, disse que tinha sim uma decisão: não demitir ninguém e apenas realocar algumas funções. Seus argumentos foram baseados em números. Desde que assumira a equipe, fizera com que os números daquela unidade subissem de forma consistente. A equipe, segundo ele, era bem entrosada, entendia bem do negócio e tinha amor pela empresa. Não havia um funcionário sequer que lhe trouxesse o desejo de desligamento. Por que faria isso? Todos os funcionários vinham lhe tratando muito bem, sendo companheiros e deixando claro o quanto eram fiéis àquela empresa. Por que, então, ele demitiria um deles?

Seu chefe tentou convencê-lo do contrário. Parecia muito mais que ele é quem queria impor uma situação a seu subordinado. Mas, Rafael foi firme em sua decisão, dizendo que se sentia responsável pela empresa, mas também pelas pessoas que nela trabalhavam. Sendo assim, não demitiria alguém, sem ter um motivo muito bom para isso. Dito isso, seguiu sem titubear e, em pouco tempo, percebeu a excelente decisão que havia tomado, já que a equipe se fortalecia cada vez mais.

Quando Rafael me contou essa história, fiquei orgulhoso por ele. Poucas pessoas reconhecem a importância de ser responsável de tal maneira com seus funcionários. Num primeiro momento o jovem chegou a arriscar seu próprio emprego, desobedecendo uma ordem de seu chefe. Mas, após provar que valia a pena seguir seus princípios, conquistou não só bons resultados, mas também a confiança de seus funcionários e de seu chefe.

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