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Como em qualquer trabalho, a relação de estímulo e recompensa deve ser muito bem dosada para que o colaborador continue trabalhando feliz na empresa. Ter um bom salário, receber feedbacks periodicamente do superior e ter perspectivas de crescimento na carreira seria o mundo ideal. Porém, não é o que sempre acontece.

Lembro-me de um ex-colega de trabalho chamado Marcelo. Mineiro de sotaque inconfundível, ele era um funcionário excepcional, tanto pelos resultados que obtinha, quanto pela hiperatividade que possuía. Extremamente divertido, tinha gostos e ideias peculiares e inovadoras.

Quando fui transferido para trabalhar no Rio de Ja­neiro uma vez, entramos juntos na empresa. Eu no recrutamento, ele no merchandising. Como éramos colegas bastante próximos, acompanhávamos o desempenho um do outro na empresa. Da escala de avaliação de desempenho que a empresa possuía, Marcelo sempre estava com as mais altas graduações. Ao receber os objetivos para a área, elaborados ano a ano, conseguia-os cumprir com muita rapidez e antecedência, além de sempre ter ideias que superavam as expectativas dos superiores.

Em pouco tempo, conquistou a simpatia de todos no setor e, em poucos anos, atingiu o teto do salário previsto para sua função. Elogios atrás de elogios, em um dado mo­­mento pediu que o reconhecimento viesse, a partir de então, como bonificações ou aumentos salariais. Em um dado momento seu salário não podia subir mais: ficaria fora da faixa para o que desempenhava até então. A empresa analisou o caso de Marcelo com cautela. Seus resultados excepcionais ajudavam muito a empresa, mas ela não podia continuar subindo seu salário – a não ser que o promovesse. Marcelo gostaria muito de assumir a diretoria do setor, o que seria o próximo cargo na linha de hierarquia.

A diretoria e o conselho da empresa, porém, não puderam promovê-lo promover por razões comportamentais. As novas funções e responsabilidades de um diretor de marketing e merchandising precisavam, de maneira imprescindível, alguém com calma, foco, atenção e cuidado – tudo o que ele não conseguiria ter, mesmo tomando remédios que controlavam sua hiperatividade.

O caso de hoje ilustra muito bem a necessidade de equilibro de estímulos que os funcionários devem receber tanto da empresa (com oportunidades de crescimento e desenvolvimento de carreira), quanto dos superiores (com feedbacks e recompensas materiais). Se por alguma razão esses fatores não "fluem", é de se esperar que o colaborador fique insatisfeito com seu emprego, inseguro quanto a seu trabalho ou pense em eventualmente procurar outra oportunidade no mercado.

Foi o que aconteceu com Marcelo. Após receber a notícia negativa da diretoria e ver que não poderia continuar crescendo ali, trocou de em­­prego. Poucos anos depois, realizou o sonho e conquistou um cargo de diretoria em outra empresa – pois essa precisava de alguém com um perfil mais ativo para a função.

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