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Por que as equipes existem? Acredito que seja muito claro para a maioria dos profissionais com quem convivo que os grupos num ambiente de trabalho existam para que um possa complementar ao outro. Só Juliano parecia não compartilhar dessa ideia. Quando ingressou na organização em que trabalha, uma empresa de pequeno porte, convivia com mais dois colegas que desempenhavam funções semelhantes às suas. No princípio, como não sabia exatamente como funcionava a empresa, acreditava que precisasse deles para conseguir passar pela fase de experiência, onde julgariam sua capacidade. Além de trabalhar o tempo todo em conjunto com os demais rapazes, Juliano também os escolhia para dividir o horário do almoço, já que eram realmente muito próximos uns dos outros.

Os resultados de seus trabalhos eram excelentes. O coordenador da área chegou a dizer, em uma das reuniões do setor, que a contratação de Juliano tinha sido um grande acerto, já que, além de demonstrar ser um profissional capaz, possuía bom relacionamento com os demais colegas e ótimo espírito de equipe. Assim foi durante um bom tempo, até que o rapaz apresentou sua primeira falha comportamental. A empresa passava por uma fase de transição de diretoria e o novo diretor, querendo demonstrar serviço, começou a pedir a execução de projetos grandes e importantes para cada área da empresa. Em contrapartida, seriam pagas comissões a cada entrega efetuada.

Pensando nos louros imediatos que o seu bom desempenho poderia lhe garantir, Juliano tratou logo de abraçar a responsabilidade dos novos projetos, sozinho. Em reunião para distribuição de tarefas, o rapaz alegou que seria uma boa oportunidade de mostrar efetivamente o seu trabalho, já que dividindo as tarefas com seus colegas não conseguia fazer isso com tanta eficácia. Seu coordenador achou justo, desde que os próximos projetos fossem destinados exclusivamente aos seus colegas, para que, assim, todos pudessem usufruir das novas recompensas que a empresa oferecia.

Porém, antes que o prazo do projeto que Juliano executava sozinho acabasse, o novo Diretor delegou mais um projeto à equipe, só que, desta vez, com uma comissão muito mais rechonchuda que a anterior. O jovem, tomado pela decepção, defendeu a ideia de que, já que as comissões eram muito diferentes, o Coordenador deveria abrir exceção e, no caso deste projeto, dividi-lo entre todos da equipe. Como realmente se tratava de uma comissão deveras maior que a outra, seu chefe resolveu abrir a exceção, pois não seria justo. Mas, ao fazer isso, deixou claro que os próximos projetos seriam destinados aos outros dois colegas, independente do valor da comissão.

Passou-se um bom tempo até que um novo projeto lhes fosse delegado. Só que, desta vez, além de uma comissão pomposa, tinha também a chance de uma promoção dentro da empresa. E, mais uma vez Juliano se viu tentado a pedir que participasse daquele projeto. Seu coordenador não sabia como dizer não, já que havia uma promoção em jogo e, na sua opinião, Juliano era o mais capaz dentre os três para assumir a nova função.

Mas, desta vez, os demais colegas não aceitaram calados. Uniram-se para defender seus interesses, já que Juliano vinha tirando vantagem sempre, desde o primeiro projeto. Acre­­ditavam ser injusto ele ter ficado com a comissão inteira do primeiro e um terço do segundo, enquanto eles haviam se contentado com apenas esse mesmo terço e a promessa de que teriam um projeto só pra eles. Ao argumentarem, acusaram Juliano de querer fazer as coisas sempre sozinho e de excluí-los de atividades simples. Chamaram-no de fominha e disseram que se os projetos não fossem igualmente divididos entre eles, não haveria propósito de ter uma equipe formada.

O coordenador da equipe entendia o ponto de vista dos rapazes e realmente não achava justo toda aquela centralização de projetos. Porém, reconhecia que Juliano possuía mais capacidade, apesar de estar a menos tempo na empresa. Ponderou sua decisão e optou por deixar Juliano naquele projeto e, para compensar, aumentou o salário dos demais rapazes. Aumento que seria concedido a Juliano assim que a diferença da primeira comissão fosse sanada.

O único problema é que Juliano nunca deixou de querer tudo pra ele, ainda mais sabendo que seu próprio coordenador lhe respaldava quanto a isso. Até hoje enfrenta dificuldades de relacionamento, pois nenhum colega ainda foi capaz de entender as atitudes do moço.

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