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Esta semana falarei com vocês sobre um assunto que pode mexer com o orgulho de muita gente. Porém o que aconteceu com Felipe é muito comum, desde que o mundo é mundo e, por isso, considero extremamente importante falarmos sobre isso. A história de Felipe é deveras elucidativa, então vamos aos fatos:

Felipe é um rapaz jovem, com trinta e poucos anos e dono de uma capacidade técnica impressionante, na área de tecnologia da informação. Ao completar seus 25 anos, já havia conquistado vários degraus na escala operacional de sua empresa. Dos 25 anos aos 30, dedicou-se a se especializar ainda mais, trazendo para si vários aumentos salariais, benefícios e premiações.

Ao longo desses cinco anos, por exemplo, Felipe, considerado o melhor da equipe, ganhara viagens nacionais e internacionais, além de muitos equipamentos eletrônicos, frutos de campanhas de desempenho, das quais o jovem tirava de letra. Não tinha pra ninguém, ele era o melhor de sua equipe e, de forma justa, era largamente agraciado por isso.

Até que no ano em que completou seus 30 anos, de forma relativamente tardia, Felipe ganhara a primeira promoção que envolveria gestão de pessoas. O jovem ganhou uma pequena equipe de aproximadamente cinco funcionários, todos antigos colegas de área.

Empolgado com a oportunidade, Felipe viu-se fazendo planos para gerir a área da melhor maneira possível. Entretanto, ainda muito arraigado a seus antigos afazeres, levou pelos menos quatro meses para, enfim, perceber que não podia continuar metendo a mão na massa, do contrário, todos os processos seriam perdidos.

A ficha só caiu quando o jovem percebeu que seus funcionários estavam perdidos em meio aos prazos. Sem contar que a qualidade do trabalho realizado pelos seus funcionários não era mais a mesma de quando eles trabalhavam juntos como meros colegas de trabalho. E, o pior, se eles não entregassem os trabalhos com qualidade e naqueles prazos estipulados, a responsabilidade era toda de Felipe. Ao perceber isso, sentiu que precisava agir antes assinasse seu próprio atestado de incompetência.

Para começar, estipulou reuniões semanais para acompanhar o andamento de cada projeto. Assim, podia entender o que cada funcionário fazia e quais eram as dificuldades de cada um. Sabendo as fraquezas de uns e fortalezas de outros, ficaria mais fácil gerenciar o que cada um faz o quê. Tudo muito simples... na teoria. Mas, na prática, Felipe não conseguia fazer nada disso. Sentia uma dificuldade enorme em delegar atividades.

Seguia sempre o princípio de que "se quer um trabalho bem feito, faça você mesmo" e sempre que julgava um trabalho mal-feito, dizia "deixa comigo". Com isso, acumulava mais e mais afazeres, enquanto seus funcionários, sem direcionamento algum, começavam a enfrentar momentos de ócio.

Em pouco tempo, o jovem que antes era tido como o melhor da equipe, começou a ser tachado de incompetente, já que era responsável pela área que nunca conseguia entregar os projetos nos prazos, ou na qualidade desejada pela empresa.

Até que um dia, seu gestor lhe convidou para uma reunião. Não foi surpresa para Felipe quando recebeu o feedback de que a empresa não estava satisfeita com seu desempenho. Todos esperavam dele uma atuação semelhante, senão melhor, a de quando ele era um funcionário operacional. Ninguém entendia como ele, com tanto conhecimento técnico não conseguia coordenar a equipe com a mesma eficiência que operacionalizava seu trabalho anteriormente.

E, não encontrando a solução, Felipe seguiu por quase um ano quebrando a cara e levando a equipe cada vez mais para o fundo do poço, até o dia em que foi convidado a deixar a empresa.

Os gestores de Felipe, e ele próprio, não entenderam que o jovem possuía uma excelente habilidade técnica, o que não significa que ele possuísse a mesma habilidade para gerir pessoas. E, justamente por não entenderem, Felipe acabou perdendo o emprego numa boa empresa, enquanto ela (a companhia) perdera um ótimo profissional técnico.

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