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Não é novidade para ninguém que o mercado vive num movimento frenético e que as oportunidades em um futuro próximo serão muito boas para a maioria de nós. Hoje, entretanto, venho chamar a atenção para um detalhe muito importante quando se fala em oportunidade: e se a sua próxima grande chance estiver longe de onde você mora atualmente? Qual a sua verdadeira disponibilidade para ir aonde a empresa quer que você vá? Afinal, de nada adianta uma oportunidade de ouro bater à sua porta se você não puder aceitá-la por pura inflexibilidade. Convenhamos, nem sempre os melhores empregos estarão ao lado de nossas casas. Muitas vezes é preciso aceitar desafios maiores, que dependem de nossa disponibilidade de mudança, por exemplo.

No artigo de hoje contarei a história de um profissional que viveu a realidade de estar sempre mudando de cidade a trabalho e também sobre uma multinacional, que teve de alinhar aos seus objetivos um grande projeto de mobilidade profissional.

Ser flexível, mas até um ponto

Jorge era gerente regional de uma empresa já há algum tempo. Sempre aspirou cargos maiores, até que foi promovido. O que ele não sabia, entretanto, era que a empresa, em breve, iria adotar uma série de mudanças em várias filiais do Brasil. Seu superior direto, Rodrigo, junto com a novidade, deu-lhe também a primeira missão: mudar-se para Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, por tempo indeterminado, para implantar os processos que ele criara. Sua família recebeu a notícia da promoção com entusiasmo, apesar da mudança. E lá foram eles. A empresa subsidiaria todos os custos da mudança, além de cobrir, por um pequeno período, parte dos custos enquanto o casal procurava uma residência para alugar. As crianças entraram em uma escola local, e ele dava duro no novo cargo.

Um ano depois, após toda a família ter se acomodado, seu superior Rodrigo visitara a filial em que estava trabalhando e leva, também, um nova missão: precisavam do trabalho de Jorge em outro lugar, desta vez em Curitiba, no Paraná. Não seria promovido, faria o mesmo que foi feito em Porto Alegre, mas o salário seria aumentado em algumas faixas. E assim a história se repetiu.

Jorge, entretanto, possuía objetivos claros de vida. Aspirava ao crescimento, mas, acima de tudo, valorizava sua qualidade de vida e a atenção dada à família. Além disso, possuía o sonho de se aposentar em Florianópolis, em Santa Catarina, e lá morar com sua família. Conforme aceitava as contínuas promoções e transferências, fez questão de informar aos dirigentes deste desejo e seus superiores prometeram que isso seria realizado. Porém, quanto mais se aproximava da data de aposentadoria, mais se afastava a possibilidade de ser transferido para Florianópolis. Sem alternativa, decepcionado com a empresa e ainda determinado pelo seu objetivo, decidiu pedir demissão. Mudou-se com a família para a cidade e, após certo tempo, encontrou outro emprego na desejada cidade e continuou nela até sua aposentadoria.

A história de Jorge nos faz pensar que, como ele, devemos estipular um objetivo de vida claro e planejarmos um caminho até ele. Infelizmente, nossa trajetória pode não ser efetivamente pautada por uma linha reta. Por isso, entre os obstáculos encontrados, precisamos encontrar maneiras de voltar à rota desejada e não desistir do que sonhamos. Assim, Jorge aceitou todas as mudanças que a empresa propôs, mas não recebeu o mesmo em troca. Com isso tomou sua própria decisão, seguindo seus valores pessoais e o que era importante para ele. E o mais importante: não se arrependeu disso.

Novos etapas, mesmos valores

Para expandir os negócios da Argentina para o Brasil sem deixar que seus valores se perdessem com a nova cultura, uma multinacional argentina, antes de se instalar completamente no novo país, decidiu trazer um grupo de 50 funcionários brasileiros para passar um período de aculturação na sede argentina. Assim, tiveram a oportunidade de conhecer a cultura local e da empresa, bem como conhecer as regras e objetivos da empresa.

Essa prática é muito comum, não só com multinacionais que partem para conquistar territórios ainda inexplorados, como também quando há a necessidade de contratação de executivos externos para que eles se adaptem e conheçam o novo ambiente. Em uma outra indústria que conheço, quando há a contratação de um novo gestor ou cargo estratégico, o profissional passa obrigatoriamente um período trabalhando na linha de produção, exercendo as tarefas operacionais normalmente. Neste período, que dura um mês, ele não pode contar aos demais colaboradores o motivo de estar ali. A intenção é que ele viva a rotina dos trabalhadores e sinta a importância de seu trabalho para o funcionamento da empresa. Ou seja, é um choque cultural que visa neutralizar qualquer preconceito ou desconhecimento com os valores organizacionais.

Nestes dois exemplos pudemos ver como a mobilidade não tem a ver apenas com a mudança efetiva de cidade, mas também de função.

Por fim, esses foram alguns exemplos de mobilidade que alguns profissionais precisarão passar em alguns momentos da sua carreira e o quanto isso será significativo para seu crescimento na hierarquia ou até pessoalmente. No artigo de terça-feira falarei mais sobre mobilidade profissional. Até lá!

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