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Joel, criativo, simpático, dono de uma mente versátil. Desistiu de estudar arquitetura no último ano, cursou odontologia. Formou-se, ganhou duas paixões: sua esposa, uma cliente que gostava estranhamente de comparecer ao dentista a cada quinze ou vinte dias, e a profissão. Dez anos depois, ganhou três outras paixões: Isabela, 8, Marília, 9. Agora com 37, não sabe o que é tirar férias há muitos, muitos anos.

O garoto que começou como assistente/secretário em outros consultórios, sempre mostrou afinco e curiosidade pela profissão. Adorava auxiliar seus empregadores/dentistas nas consultas e não via a hora de ter os próprios equipamentos e uma sala para si. Alguns anos, e muito suor e dedicação mais tarde, já tinha a confiança e credibilidade necessários para conseguir a própria sala em um grande consultório, onde tinha a sala, a cadeira, seus equipamentos e dividia os custos com outros dentistas. Realizado, simpático e competente, conseguiu formar e fidelizar sua clientela.

Mais alguns anos e Joel abriu o próprio consultório. Nesta dura jornada de muito trabalho e esforço pelo próprio sucesso, ele não se recordava mais o que significava descanso. Apesar disso, e como um bom funcionário do ramo de saúde, alimentava-se cuidadosamente e praticava exercícios leves, cuidando principalmente das costas e da postura, devido à posição de trabalho dos dentistas. Para Joel, descanso era à noite, em casa, assistindo a filmes ou a novela com as três mulheres da casa, e nos fins de semana e feriados. Nos feriados, nunca os emendava. "Sempre haverá alguém precisando de uma consulta!". De fato havia. Era comum atender inclusive aos sábados pela manhã, quando seu telefone tocava e lá ia Joel, atender (com muito prazer) aos chamados desesperados como dor de dente, dentes quebrados e por aí vai.

Não satisfeito, Joel decidiu participar de uma associação voluntária de dentistas, cujo propósito era viajar a cidades do interior que não tinham consultórios odontológicos e visitar comunidades para fazer trabalhos preventivos com a população local que não tinha dinheiro para pagar por um tratamento –uma atitude honorável, diga-se de passagem.

Como se não bastasse ter o próprio consultório e ser dentista voluntário, ele queria ampliar seus conhecimentos na área e aprender outras especialidades e habilidades novas. Isso também fazia com que tivesse que viajar todos os meses para estudar.

Certa época, Joel começou a sentir algumas dores de cabeça. Pensando ser uma dor comum, disfarçava com analgésicos, e as dores diminuíam e cessavam. Porém, os sintomas, que eram inicialmente disfarçados pelos analgésicos, começaram a aparecer no corpo. Em uma manhã, começou a ter espasmos e dores musculares. Seus músculos de um braço e de uma perna travaram. Joel teve uma crise de estresse.

Obrigado a tirar férias pelo seu médico, Joel atendeu ao pedido relutante. Acostumado a trabalhar muito (inclusive nos fins de semana), ser voluntário, pai de família e ainda estudante, estava escrito claramente que uma crise nervosa ali se instalaria cedo ou tarde. O médico ainda o alertou: "Se você fosse sedentário, não praticasse exercícios e não cuidasse da alimentação, poderia ser pior. Outros casos acabam com um enfarte ou até mesmo um AVC".

Joel sem dúvidas tomou um susto. Apesar de cuidar da saúde, abusou dos limites do corpo e das atividades – por mais que desse conta, o corpo não suportou. Na coluna Talento em Pauta desta terça-feira, falarei mais sobre as melhores maneiras de equilibrar o trabalho e o descanso, além da importância da dedicação em cada um deles, é claro. Até lá!

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