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A história que venho contar hoje pode parecer um daqueles clichês de novela das nove mas, acreditem, acontecem com uma frequência maior do que imaginamos. Conheci Vítor ainda muito novo, quando se formara em Administração de Empresas e me convidara para sua formatura. O jovem, filho de um grande amigo, tinha muitos planos para o futuro o que, certamente, lhe norteara da melhor maneira possível, pois em cinco anos, o rapaz disputava o topo do mercado com grandes empresas líderes de mercado, no setor de logística. Nesse meio tempo, aliás, fizera especializações na área e buscava, sempre que podia, atualizar-se a respeito do que o mercado buscava e de como ele poderia suprir essas demandas.

Ao seu lado, possuía uma equipe jovem, coesa, obstinada e com muita garra para colocar o negócio para andar. Possuía muito mais mulheres do que homens em sua equipe, algo não muito comum na área de Logística. Coincidência talvez, porém Vítor se sentia muito mais confortável em trabalhar ao lado delas do que deles. Apesar de achar os homens mais práticos e diretos, Vítor gostava do capricho e dedicação com que suas funcionárias entregavam seus projetos.

Tanto gostava que após alguns anos depois de abrir sua empresa e contratar inúmeras moças jovens e recém formadas, ávidas pelo longo e belo futuro que encontrariam pela frente, deparou-se com um sentimento incomum por uma delas. Vítor me contou que Lucia o intrigava de uma maneira inexplicável. Ela era bonita, viçosa, inteligente e com uma bela história de vida. Desde que a conhecera, sabia que a queria a seu lado. Demorou, porém, a entender que a queria como companheira e não como funcionária.

Desde que a moça ingressara em sua companhia, Vítor perdeu as contas de quantas vezes a beneficiou de alguma maneira. Ele sempre entendia os atrasos da moça e não se sentia à vontade para chamar-lhe a atenção quando fazia algo inadequado. Aliás, ele nem mesmo considerava qualquer comportamento de Lucia inadequado. Para ele, ela era sempre perfeita em suas colocações. Nas reuniões, a moça sempre tinha a vez da fala e jamais era contestada por Vítor... e quando isso acontecia por algum outro funcionário, o rapaz entrava logo em sua defesa.

Passaram-se alguns meses para que o jovem percebesse que estava apaixonado por sua funcionária e quando descobriu isso, viu-se num dilema difícil de ser resolvido. Como levar adiante um relacionamento profissional com alguém por quem desenvolvera uma afinidade além do normal? Pior, como perder a oportunidade de descobrir se ela era a mulher de seus sonhos, pelo simples fato de a moça ser sua funcionária?

Os problemas pioraram quando um de seus gerentes pediu demissão e a vaga aberta parecia que só poderia ser preenchida por Lucia. Vítor sequer cogitou outro funcionário para a posição, pois não suportaria a ideia de não ceder à sua amada uma oportunidade tão valiosa. E, o que era pior, friamente analisando, o rapaz sabia que por mais que a admirasse e tivesse certeza de sua competência, havia outros funcionários mais indicados (e talvez merecedores) da vaga.

Foi, então, que o jovem resolveu abrir seu coração. Convidou a jovem para um almoço e expôs seus sentimentos. Explicou que estava confuso quanto ao relacionamento profissional e disse que precisaria definir melhor tudo o que acontecia para não cometer injustiças com ninguém, inclusive com seus próprios sentimentos. Para sua surpresa e contentamento, Lucia disse que alimentava um interesse efetivo pelo chefe, mas que nunca deixara transparecer por medo de minar a relação profissional que mantinham. Foi assim que o relacionamento dos dois começou. Entenderam que não podiam perder a oportunidade de fortalecer algo que parecia ter um futuro promissor pela frente e mergulharam num relacionamento composto por respeito mútuo, admiração e muito romantismo.

Porém, o que considero o destaque dessa história é que os dois tiveram maturidade suficiente para não deixar que o relacionamento amoroso interferisse no relacionamento profissional. Vítor não deu o cargo de gerência para Lucia e passou a ser mais isento em sua opinião em relação ao trabalho que ela desempenhava. Dentro da empresa, a moça recebia o mesmo tratamento que os demais funcionários, assim como Lucia mantinha-se em sua postura de colaboradora e não de namorada do chefe.

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