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Há alguns anos, um empresário amigo foi surpreendido por uma funcionária de uma forma diferente. Janaína atendia como analista da área de seleção da empresa de Bob e lhe chamou pelo chat para conversarem em uma das salas de reunião. A moça parecia extremamente incomodada com algo, porém não lhe dizia exatamente o que era. Bob resolveu, então, puxar um assunto qualquer, na tentativa de deixá-la mais à vontade. Falaram sobre o clima, depois sobre alguns eventos a que haviam ido na semana anterior e, por fim, sobre uns clientes que tinham elogiado muito o trabalho da moça havia algumas semanas.

Ele não podia negar que a moça vinha se destacando dos demais profissionais que trabalhavam com ela. Porém, uma promoção ainda não tinha ocorrido por falta de espaço nos níveis hierárquicos acima do dela. O que Bob não imaginava, porém, é que ela vinha falar sobre algo relacionado a isso. Foi exatamente por isso que meu amigo se arriscou a perguntar o que ela achava da empresa e, inocentemente, disparou um "você está feliz aqui conosco?" A resposta veio tortuosa. Janaína disse que não podia lhe dizer que estava feliz, pois ninguém poderia estar satisfeito sabendo que tantos clientes a elogiavam, mas, mesmo assim, a promoção não vinha. Começou a falar sobre os confetes dos clientes de que Bob havia tomado conhecimento e, em seguida, sobre alguns de que ele nem mesmo tinha chegado a saber. Eram realmente muitos e, além disso, extremamente relevantes. O empresário chegou a ficar orgulhoso de saber que possuía uma profissional daquele gabarito. Mas, infelizmente, ainda não era hora de promovê-la.

Com cautela, Bob começou a explicar-lhe que, naquele momento, não havia o tal espaço para a promoção. Além disso, a empresa tinha uma política muito clara de cargos e salários que fora apresentada a Janaína no momento de sua contratação. Para que ela alcançasse mais um patamar na hierarquia da empresa, precisaria ter fluência no inglês, o que não era o caso. Bob falou também sobre outros tipos de crescimento dentro da empresa, almejando, quem sabe, outras áreas, onde pudesse desenvolver outras habilidades e, talvez, conseguir a sonhada promoção.

Antes que continuasse, porém, Janaína lhe interpelou e, pedindo desculpas por ser tão brusca na interrupção, explicou que seu desejo não era uma promoção, e sim um aumento salarial. Contou que pretendia fazer um curso de inglês intensivo, já que possuía uma base muito boa na língua. No fim do ano, pretendia fazer um intercâmbio durante as férias, para praticar efetivamente o que aprenderia no decorrer do tempo. Disse, inclusive, que com o que ganhava não conseguiria manter suas contas e ainda investir em cursos. Vontade e disposição não faltavam; o que faltava, na verdade, era a condição pra isso.

Janaína continuou explicando que, desde que entrara na empresa, sabia muito bem o que queria e, ao ver a política de cargos e salários, havia traçado um plano de empregabilidade baseado nas exigências da empresa; para chegar aonde ela queria, o primeiro passo era desenvolver seu inglês. Desta forma cresceria e contribuiria melhor com a empresa.

Suas declarações despertaram a curiosidade de Bob, que a perguntou aonde ela queria chegar. Sua resposta foi: Diretoria de Operações. Meu amigo ficou admirado de ouvir uma analista dizer isso e resolveu acatar seu pedido para ver até onde ela iria. No mês seguinte, ao receber seu primeiro reajuste salarial, a moça se matriculou numa aula intensiva de inglês e no fim do ano viajou para o Canadá, onde praticou, por um mês, a língua estrangeira.

Não dá para dizer que o inglês dela ficou perfeito, longe disso. Porém, ela alcançou um nível que a permitiu ser promovida. Aliás, Janaína ia muito bem na empresa. Sua desenvoltura podia ser notada cada vez mais facilmente, e Bob, feliz da vida, incentivava, da maneira que podia, seus funcionários a entender que quanto mais derem à empresa, mais receberão dela.

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