• Carregando...

Recentemente tomei ciência de um acontecimento muito delicado com um querido amigo, do qual me fez refletir sobre as relações entre funcionários e empresas. Pensei em como hoje em dia, com os recorrentes casos de executivos pula pula (aqueles que já citei em minha coluna e que vivem migrando de empresa em empresa, sem fincar suas raízes em uma única corporação), ficou mais difícil encontrar profissionais que estão há muitos anos em uma única companhia. E, infelizmente, mesmo sabendo dessa nova cara do mercado, algumas empresas simplesmente ignoram tanta fidelidade profissional e põem a perder esse relacionamento tão bonito.

Oswaldo passou mais de 25 anos em um banco, onde trabalhou em diversas posições. Seu sobrenome já nem era aquele que recebera de seus pais, mas sim o nome do Banco do qual sentia orgulho em dizer que trabalhava há tanto tempo. Lá dentro conhecia a tudo e a todos. E no segmento era conhecido e reconhecido como o nome capaz de resolver qualquer problema dentro daquela organização. Porém, em mais um dia de trabalho como outro qualquer, Oswaldo foi chamado para uma reunião, onde, inexplicavelmente, recebeu o aviso de demissão.

Naquele dia, o chão sumiu debaixo de seus pés. Ele poderia imaginar qualquer coisa, menos um desligamento nessa altura do campeonato. Num primeiro momento, pensou que tudo não passava de uma brincadeira de mau gosto. Depois que percebeu que não se tratava disso, tentou buscar em sua memória o que havia feito de tão errado ao ponto de resultar em sua demissão. Porém, suas buscas não chegaram a lugar algum e logo após concluir que não tinha feito nada de errado, tentou entender o porquê da demissão.

Seu superior imediato explicou que não era nada pessoal, mas que, por necessidade de cortes, o nome dele havia sido o mais cotado numa reunião com a cúpula da empresa. Oswaldo tentou, então, pedir uma recolocação em outro setor, ou outra cidade. Mas suas tentativas foram em vão. Quanto mais pedia uma nova chance, com mais descaso seu superior tratava a situação, chegando a utilizar frases de efeito sem considerar o momento de choque pelo qual o profissional passava.

Luto

Oswaldo ficou de luto alguns dias, sem acreditar no que acontecia. Sua vida era aquele banco e não conseguia nem imaginar como seriam seus dias dali pra frente. Mas, o pior de tudo era a falta de consideração com que haviam lhe tratado. Oswaldo se sentia com a honra ferida e precisava reverter essa sensação de alguma forma. Foi então que resolveu mover uma ação contra a companhia, pedindo uma reintegração e, após alguns meses, recebeu a notícia de que havia ganhado.

O sentimento era de justiça feita e o seu objetivo havia sido cumprido. Porém, de acordo com seus relatos, Oswaldo deixou escapar que se sentia como um marido traído. Assim como num casamento, uma vez atraiçoado, o encanto havia acabado. Ele realmente conseguiu o que queria e seria reintegrado à empresa. Mas essa vontade se dava mais em relação à sede de justiça, pois, vontade de trabalhar lá ele já não tinha mais. Apesar de seus pares e subordinados torcerem por sua volta, aos seus superiores seria infinitamente mais difícil rever e trabalhar em conjunto.

Alerta

Fiquei contente com o desfecho da história de Oswaldo, pois o considero merecedor de tal feito. Porém, isso serve de alerta às empresas que acham que podem se livrar de seus colaboradores, assim como descartam papéis inúteis que ocupam espaços nas gavetas. Trata-se de pessoas que merecem o mínimo de respeito e consideração, ainda mais após tantos anos de dedicação a uma única empresa.

* * * * *

Mande sua história para coluna@debernt.com.br e me siga no twitter: www.twitter.com/bentschev.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]