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Você certamente já ouviu aquela história sobre a escassez de talentos no mercado de trabalho. Por um lado, ela é verdade. Entretanto, algumas empresas alegam isso por terem dificuldade em manter seus melhores profissionais. Isso confirma que, além de existirem poucos profissionais realmente talentosos, existe também uma dificuldade dos gestores em mantê-los na empresa por um longo período de tempo. Por quê isso ocorre?

Diversos motivos podem influenciar, mas, na maioria das vezes, o profissional procura outra oportunidade no mercado porque a empresa simplesmente não oferece as oportunidades que ele deseja, ou corresponde aos seus anseios. Pode ser uma simples promoção, um aumento de faixa salarial ou a possibilidade de participar de decisões importantes sobre novos projetos. Se a empresa for incapaz de corresponder às necessidades e desejos dos talentos, eles sairão, indefinidamente, da empresa.

Para ilustrar essa situação, contarei a história de um profissional que participara de um processo seletivo para uma multinacional, concorrendo à uma vaga de especialista. Júlio entrou neste processo seletivo por estar insatisfeito com a empresa em que estava. Naquele ano, completaria dez anos em sua função e não enxergava nenhuma possibilidade de crescimento para sua carreira, o que fazia com que ele se sentisse desvalorizado e desmotivado.

Apesar disso, Júlio era um excelente profissional. Cumpria sua missão – mesmo limitada – com fervor e sempre alcançando resultados acima da média. Entretanto, ele queria uma promoção, queria novos desafios. Afinal, ele acreditava em seu potencial e não se satisfazia apenas com a função que ocupava há muito tempo. O problema era a rigidez das políticas da empresa, que não tinha costume de valorizar seus profissionais. Na visão da empresa, os funcionários que atingiam as metas, abusavam da criatividade e aceleravam a equipe nada mais faziam do que a sua própria obrigação. Afinal, eram pagos para isso. Tais situações levaram Júlio a procurar uma nova oportunidade. No processo seletivo, Júlio revelou ser uma raridade no mercado, mesmo desanimado, conseguia ser comprometido e determinado. Sendo uma raridade no mercado, Júlio foi selecionado para trabalhar na multinacional. Assim que recebeu a notícia marcou uma reunião com seu diretor para pedir seu afastamento.

Assim que o diretor percebeu que estava perdendo seu melhor profissional, ele ofereceu uma contraproposta – o aumento que ele tanto desejara. A atitude do gestor foi tão inesperada para Júlio, que fez com que ele voltasse atrás e permanecesse na empresa. Com esta situação, acreditou piamente na mudança das políticas da empresa, no seu reconhecimento como profissional, que um cargo de gestão ou de maior significância estava, finalmente, a caminho. Sendo assim, pensando em sua segurança e na possibilidade de mudanças incertas em seu futuro ambiente de trabalho, Júlio desistiu de assumir a nova oportunidade na multinacional.

Dois anos após este acontecimento, Júlio percebeu que nada mudara – exceto pelo seu salário, que estava mais alto. A falsa ilusão do salário maior, aliado ao discurso desesperado de um chefe prestes a perder seu às fez, com que ele ignorasse e esquecesse momentaneamente os dez anos de clima, história e cultura organizacional que passou – ignorando a realidade de que tudo, na verdade, continuaria da mesma maneira. Com isso tudo, continuou na mesma função, rodeado pelos mesmos problemas, afundado nas mesmas frustrações, principalmente, a que dizia a respeito de seu futuro profissional.

Se Júlio não tivesse sido tão imediatista, ansioso ou inseguro em percorrer novos caminhos, aqueles dois anos poderiam ser representados por muito crescimento, pois ele era, de fato, diferente dos demais funcionários. Muitas vezes temos medo de arriscar e, desse modo, também perdemos os ganhos que podem vir com esse novo passo. Se analisarmos o lado da empresa, ela também sai perdendo. Preferiu segurar o talento da casa, mas também não cede espaço para o seu crescimento. Ele terá uma faixa salarial maior que a dos seus pares devido ao tempo de casa, mas é praticamente certo que fique frustrado com a falta de progresso de sua carreira.

O que quero dizer com essa história? Talentos como Júlio e outros milhões como ele não deveriam ser desperdiçados, mal utilizados. As empresas sabem os talentos que possuem. Sendo assim, é preciso que os gestores e empresários estejam conscientes sobre as melhores maneiras de retê-los, motivá-los, influenciá-los, ajuda-los a crescer, torna-los pessoas melhores, vê-los crescer com a empresa. É preciso que mantenham as mentes abertas para novas ideias e novas possibilidades de lidar com esses profissionais, cedendo espaço a esses talentos, dando-lhes ouvidos, satisfazendo seus âmagos. Afinal, são eles que fazem a diferença ao final do mês, renovando métodos, melhorando estratégias, apagando incêndios e, consequentemente, aumentando o lucro e garantindo a perenidade da empresa.

As empresas que conseguirem fornecer a estas pessoas – e todas as demais possíveis – esse espaço de criação, a liberdade e a possibilidade de crescimento, manterão os talentos motivados e fieis à empresa. Você sabe quais são as principais razões que fazem os talentos desistirem de suas empresas? Não perca o artigo desta terça-feira! Até lá!

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