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Certa vez, uma querida amiga me convidou para um almoço, onde explanou uma insatisfação com um antigo colaborador, que agora insistia em denegrir a imagem da empresa dela. Alice era empresária e, mesmo que tivesse a consciência limpa em relação à forma de tratar seus funcionários, preocupava-se com a maneira com que agiam depois que saíam de lá.

O caso que ela veio me contar tinha a ver com Luiz, um jovem profissional de personalidade muito peculiar. Quando Luiz foi contratado, fez brilhar os olhos de seus gestores pela característica "agressiva", muito pertinente para sua área de atuação, que era a comercial. Ele ligava para os clientes sem titubear, tinha sempre boas respostas na ponta língua e cativava a todos com palavras firmes e fala contínua.

Seus relatórios eram completos e repletos de detalhes, o que fazia com que os clientes tivessem predileção pelo jovem, que era requisitado até pelos antigos clientes de seus colegas, gerando certo desconforto na área.

Porém, pouco mais de um ano após sua entrada na organização, Luiz começou a ficar insatisfeito com algumas políticas da gestão de Alice. Ele não concordava com algumas formas de premiação e suas comissões pareciam sempre sofrer algum tipo de depreciação. Sempre vinha menos, segundo ele. Já Alice defendia suas políticas. Disse-me que sempre buscou estipular regras que gerassem benefícios para a empresa e para os funcionários.

Independente de quem está certo nesse caso, o fato que me chamou a atenção foi a conduta que Luiz adotou a partir disso. Sem pensar duas vezes, começou a fazer reuniões nos cantos da empresa, falando mal da chefe para colegas da área ou até de fora dela. Insatisfeito com tudo que acontecia, começou a distribuir seu currículo entre os amigos, sites de recolocação e até pessoas com quem ele nem tinha tanta afinidade assim. E foi uma dessas pessoas, que coincidentemente era amigo de Alice, que o chamou para uma entrevista. Durante o encontro, perguntou por que queria sair da empresa em que ele estava, e a resposta veio de forma hostil: "aquela empresa é uma bagunça. A proprietária não sabe bem o que quer e, com isso, faz besteira atrás de besteira".

Foi assim que Alice ficou sabendo que estava sendo atacada pelas costas. Sem pensar duas vezes, demitiu o rapaz, alegando redução de custos. Porém, os ataques não pararam por aí. Luiz, mesmo já tendo sido recolocado em outra empresa, continuava atacando a antiga chefe. Em eventos onde encontrava vários conhecidos em comum, em vez de falar sobre seus novos desafios de carreira, perdia seu tempo falando sobre como era insatisfeito com a antiga empresa, e como considerava ineficaz o modelo de gestão de Alice. Não bastasse isso, aproveitava sites de relacionamento para divulgar, aos quatro cantos do mundo, toda a sua raiva em relação a seu antigo emprego.

Alice não tinha muito o que fazer, pois ele nunca citava o nome da empresa, apenas usava palavras como "ex chefe", "ex emprego" e assim por diante. Porém, as pessoas que o conheciam, sabiam exatamente a quem ele se referia. Foi aí que ela me procurou. Disse que já havia consultado um advogado, que a orientara como proceder, mas, a dúvida que ela queria tirar comigo, era como ela poderia agir em relação à carreira do rapaz. Ela estava tão decepcionada com a atitude dele, que queria fazer algo, mas não sabia bem o quê.

Foi aí que entrei com meus comentários. Expliquei que a atitude de Luiz demonstrava imaturidade. Ninguém consegue agradar a todos e, infelizmente, Alice não agradara ao rapaz. Porém, sair falando mal de uma pessoa e empresa é, no mínimo, uma atitude antiética. No caso dele ainda era pior, pois ele já trabalhara ali e quando falamos mal de uma empresa onde já trabalhamos, falamos mal também de nosso próprio currículo e, principalmente, de nós mesmos. Afinal, qual empregador irá querer correr o risco de ser a próxima vítima de um funcionário que não tem papas na língua?

Disse à Alice que ela precisava, somente, esperar. O tempo seria capaz de dar a correção necessária a Luiz, disso eu não tenho dúvida.

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