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Na semana passada, quando visitei uma das unidades da minha empresa que fica em São Paulo, tive a oportunidade de conhecer um profissional com uma trajetória de carreira sólida e muito bacana. Até aí, nada de mais, mas o que me chamou atenção na história dele foram a sua idade e as conquistas que já havia alcançado em tão pouco tempo de idade profissional. Marcelo é um jovem de 30 anos, profissional da área de Tecnologia da Informação e da Comunicação (TIC) que, por questões de ideais, sempre almejou sair do Brasil e formar sua vida em qualquer lugar fora daqui. Porém, ao contrário da massa populacional que emigra para outros países, Marcelo possuía a pretensão de entrar com o pé direito onde quer que fosse o seu destino.

Durante nosso encontro, ouvi atento sua história, pois o rapaz foi, realmente, muito corajoso. Antes de continuar a história dele, paremos e pensemos nas pessoas que conhecemos e que moram fora do Brasil. A minoria deles foi para esses países por transferências feitas pelas empresas onde trabalham. Normalmente, profissionais exímios que, por méritos de um bom trabalho, são promovidos para unidades estrangeiras. Já a maioria dos brasileiros que moram fora foi em busca de trabalho (seja lá qual for) para acumular dinheiro de forma mais rápida,do que se fizesse o mesmo no Brasil. É muito comum, infelizmente, ver pessoas graduadas trabalhando como diarista, motorista, camareira, garçons e uma infinidade de outras profissões oferecidas aos brasileiros nos países lá fora.

Mas Marcelo não queria fazer parte das estatísticas. A empresa, onde trabalhava há cinco anos, já havia deixado claro que, mesmo sendo uma multinacional, e mesmo o rapaz ocupando um cargo privilegiado, não o transferiria para unidades fora do país, pois não fazia parte de sua cultura. E a ideia de ir para o exterior tentar a vida no escuro sem ter perspectiva não lhe agradava de forma alguma. Não estava disposto a servir mesa, arrumar camas ou cuidar de crianças. Sua aspiração ia além disso, queria fazer carreira em TIC fora de seu país de origem.

Começou, então, a pesquisar como poderia colocar seu plano em prática. Percebeu que seria impossível conseguir um emprego decente se fosse com qualquer documento ilegal, por isso, tirou cidadania italiana, já que seus avós eram imigrantes italianos e ele também dominava a língua. Escolheu uma cidade onde, intuitivamente, poderia começar a construção de sua carreira. Marcelo conta que, impressionantemente, ao chegar à Itália, cadastrou-se em alguns bancos de currículo e, em menos de duas semanas, participou de quatro entrevistas de emprego. Das quatro, passou em duas e teve a oportunidade de escolher em qual delas iria trabalhar.

Hoje, pouco mais de três anos após sua chegada à Itália, Marcelo é um dos gerentes da companhia. Lá, ele sabe que pode crescer muito mais e diz não sentir nenhum tipo de preconceito por ser brasileiro. O que mais admiro na história dele é que ele mesmo está a escrevendo. Não esperou, como a maioria das pessoas, a oportunidade bater a sua porta. Não posso precisar, mas acredito que se ele tivesse continuado aqui no Brasil, seguindo o desenvolvimento profissional típico, ainda estaria numa posição de analista ou, no máximo, coordenador. Porém, graças a sua bravura, construía, a passos largos, uma bela história profissional.

Viver fora do Brasil é uma atitude que deve ser muito bem pensada e pesada. Conheço muitas histórias de pessoas que fracassaram antes mesmo de começar. Há quem conheça o gostinho de ganhar bem, vê a possibilidade de juntar um bom dinheiro, porém se deslumbra com as facilidades das moedas mais valorizadas e perdem anos de investimento com coisas supérfluas. Outros, ainda, não possuem a paciência de ver as coisas acontecerem e desistem antes dos fatos acontecerem. O caso de Marcelo, infelizmente, não é a regra. Mas é possível atingir seus desejos, caso aja de acordo com isso.

Mande sua história para coluna@debernt.com.br e me siga no twitter: www.twitter.com/bentschev.

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