• Carregando...

O maior uso de térmicas na geração elétrica fará a tarifa de energia paga pelas distribuidoras "explodir" nos próximos cinco anos, nas projeções do analista Mario Veiga, da consultoria internacional PSR, uma das mais renomadas do setor. De acordo com ele, o preço médio da tarifa vai passar dos atuais R$ 115 para R$ 147 por Megawatt-hora em 2015, um salto de quase 30%. O custo da energia representa um terço do valor pago pelo consumidor final no caso da Light.

E uma das razões para o aumento do custo é o que o analista chama de "efeito medão". Por receio de um novo apagão como o ocorrido em novembro de 2009, quando um acidente em uma das linhas de transmissão usadas pela hidrelétrica de Itaipu deixou o Brasil às escuras, o governo está despachando as térmicas com mais frequência para compensar a energia que está deixando de ser gerada por Itaipu, que desde então não tem operado a plena capacidade. Além de mais cara, a energia térmica é mais poluente.

- Vem aí uma explosão tarifária, um tsunami tarifário - disse Veiga, que participou nesta quarta-feira do 6º Encontro de Negócios com Grandes Clientes promovido pela Light na sede da companhia, no Rio.

A previsão de alta de preços se baseia em duas constatações: a primeira é de uma maior contratação de energia térmica nos leilões de energia ocorridos em 2008. Naquele ano, foram feitos leilões para entrega de energia em 2011 e em 2013. No total, serão acrescidos 10 mil Megawatts médios de energia térmica no período, um volume equivalente ao que será gerado pelas hidrelétricas de Santo Antonio, Jirau e Belo Monte, além da usina nuclear Angra 3, todas elas em construção.

A segunda constatação de Veiga é que as térmicas cuja energia foi contratada nesses leilões estão sendo despachadas com mais frequência que o originalmente previsto. Num parque gerador como o brasileiro, onde a eletricidade vem majoritariamente de hidrelétricas, as usinas a gás ou a óleo existem para garantir a segurança de suprimento. Ou seja, são acionadas quando os reservatórios das hidrelétricas estão baixos. Mas desde o apagão de novembro, os despachos das térmicas têm sido mais recorrentes.

- É o efeito medão. Desde o início do ano Itaipu opera com metade de sua capacidade e as térmicas têm sido ligadas para compensar a energia que deixa de ser gerada - disse Veiga.

Com o maior uso das térmicas, uma parcela da conta de luz chamada Encargos de Serviços do Sistema (ESS), onde é embutido o custo do combustível dessas usinas, sobe. Nos cálculos de Veiga, a previsão inicial para 2010 era que o ESS somasse R$ 17 milhões em 2010. Entre janeiro e maio, por causa do maior volume de energia gerado pelas térmicas, essa conta já está em R$ 490 milhões. Na nova projeção de Veiga, o ESS vai alcançar R$ 600 milhões até o fim do ano.

Além da maior geração térmica do sistema elétrico interligado nacional, a conta de luz será afetada por outro encargo: a Conta de Consumo de Combustíveis, usada para cobrir os custos da geração termelétrica em áreas que ainda não estão integradas ao sistema interligado, os chamados sistemas isolados, comuns na Região Norte. Mudanças nas regras para o cálculo da CCC farão com que os brasileiros paguem R$ 18,5 bilhões a mais entre 2010 e 2015, segundo estimativas de Veiga.

Para o presidente da Light, Jerson Kelman, se as previsões de Veiga se confirmarem, o aumento de preços terá de ser repassado ao consumidor. No caso da Light o custo da energia, que teria alta de 30% nas previsões do analista, representa um terço do valor final da conta de luz.

- Um eventual aumento elevará a pressão sobre o consumidor que está na fronteira da delinquência - disse Kelman, referindo-se aos clientes que fazem "gato".

De acordo com ele, as perdas não técnicas de energia, ou seja fraude e furto, equivalem a 42% de cada 100 kilowatts-hora faturados pela Light.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]