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Silvan Dal Bello, presidente da Assovepar, diz que bancos que reduziram o crédito para o mercado de usados por causa do aumento da inadimplência aos poucos estão voltando ao mercado | Daniel Castellano/ Gazeta do Povo
Silvan Dal Bello, presidente da Assovepar, diz que bancos que reduziram o crédito para o mercado de usados por causa do aumento da inadimplência aos poucos estão voltando ao mercado| Foto: Daniel Castellano/ Gazeta do Povo

Opinião

Mais equipado por preço de zero ‘básico’

Renyere Trovão, editor do caderno Automóveis

Com a recomposição gradativa do IPI, o mercado de seminovos virou uma boa opção para quem busca modelos mais equipados e com motorização potente pelo preço de um zero quilômetro básico.

Uma das vantagens é pagar até 30% menos do que se tirasse novo da loja. A depreciação é mais acentuada nos primeiros três anos de uso. Só em deixar o pátio da concessionária, o veículo já perde 20% do seu valor de tabela – caindo para 10% nos dois anos seguintes. Depois disso, a desvalorização fica entre 5% e 7%. Por isso, a aquisição de um zero, para quem se preocupa em não perder muito na revenda, vale mesmo a pena somente quando o cliente pretende ficar com o bem por quatro ou cinco anos. Bom ressaltar que é considerado seminovo o veículo com até três anos de uso. A partir daí até o oitavo ano, ele é um ‘usado’, e acima disso, ‘velho’.

O seminovo oferece também outros benefícios, como a garantia de fábrica (cada vez mais estendida pelas marcas) e a de precisar apenas de manutenções preventivas, uma vez que as peças não sofreram ainda tanto desgaste quanto as de veículos mais antigos.

Cuidados

Mas é imprescindível ter alguns cuidados antes de comprar um seminovo na primeira loja da esquina. Verificar a procedência do veículo e a confiabilidade de quem está vendendo é o primeiro passo. Não se iluda por um preço atrativo demais e desconfie se ele for muito menor que o valor de mercado. Pesquise bem na internet antes de sair de casa.

Peça sempre o manual do automóvel e os comprovantes de revisão. Muitas revendas permitem ao cliente levar o automóvel para ser inspecionado por um mecânico de confiança. Se não for permitido, leve este profissional à loja antes de fechar o negócio. Isso evita surpresas como veículo batido e problemas no motor.

Os feirões (não de fábrica ou de concessionária) e os vendedores particulares requerem cuidados redobrados. Como a negociação ocorre sem a figura do revendedor, não há relação de consumo como a estabelecida no Código de Defesa do Consumidor e, portanto, não existe qualquer tipo de garantia legal.

20,8% foi a queda na venda de carros e comerciais leves zero quilômetro em abril na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo relatório da Fenabrave (federação das concessionárias). Foram comercializados 279,7 mil automóveis e comerciais leves no último mês, ante 316.670 em abril de 2013. Já em relação a março deste ano, houve crescimento de 22,3%. No quadrimestre, a queda foi de 4,5% na comparação com janeiro a abril de 2013. O mercado continua sendo liderado pela Fiat, que fechou abril com 21,5% de participação, seguida por Chevrolet (17,9%), Volkswagen (16,9%), Ford (9,4%) e Hyundai (6,9%). O ranking dos modelos mais emplacados trouxe novidades: o VW Gol voltou à liderança (16,9 mil unidades), ultrapassando os Fiat Palio (15,4 mil) e Strada (13,3 mil), enquanto que o Chevrolet Onix (13,2 mil) encostou nos líderes.

O mercado de carros seminovos, que viu suas vendas despencarem nos últimos anos com a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e a facilidade de crédito na compra de automóveis novos, começa a dar sinais de retomada. Enquanto os estoques de veículos novos lotam os pátios das montadoras, os usados voltam a seduzir os compradores.

INFOGRÁFICO: Confira como está o mercado nas vendas

As vendas de seminovos no primeiro trimestre registram alta de 9,4% no país na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Foram vendidos 3,03 milhões de veículos, entre automóveis, motos, caminhões e ônibus. No mesmo período, a venda de veículos novos caiu 2,1% para 812,8 mil.

A reação do mercado de seminovos – de veículos com até três anos de uso – começou em novembro do ano passado e ganhou fôlego no início deste ano com a retirada do IPI reduzido e a entrada de novos itens de segurança de série, como airbag e freio ABS, que encareceram o custo do novo.

A diferença de preço é o principal fator que vem empurrando mais compradores para o seminovo. "Em um ano, o usado fica 20% mais barato que um zero. No segundo ano são quase 30% a menos. E mesmo custando menos ainda tem a vantagem de estar no período de garantia de fábrica, já que muitas montadoras adotaram períodos maiores, acima de três anos", explica o presidente da Fenauto, Ilídio Gonçalves dos Santos.

Mas, de maneira geral, a procura também está aquecida para veículos com mais tempo de uso. De acordo com a Fenauto, as vendas de carros com fabricação entre quatro e oito anos avançaram 7,5% no ano passado. Segundo Santos, o setor – que reúne 48 mil lojas em todo o país – deve crescer em torno de 10% em 2014.

Crédito

Os bancos, que tinham apertado o crédito para o mercado de usados, assustados com o aumento da inadimplência, aos poucos estão voltando ao mercado, segundo o presidente da Associação de Revendedores de Veículos Automotores do Paraná (Assovepar), Silvan Dal Bello.

De acordo com Bello, os financiamentos em média pedem entrada de 20% e os prazos vão até 48 meses. "Os bancos ainda estão seletivos. Mas o que ocorreu é que o consumidor se organizou melhor depois do trauma do endividamento nos últimos anos", afirma.

No Paraná, as vendas de automóveis e comerciais leves seminovos e usados – não há estatísticas sobre os demais veículos – subiram 11% no primeiro trimestre do ano, para 245 mil unidades. O aumento das vendas já reduziu o estoque nas lojas. A média do setor é de 25 dias, contra 48 dos veículos novos.

Após restrição de crédito, 280 revendas fecharam

O pior momento para o mercado de seminovos no Paraná foi em 2012, quando cerca de 280 revendas fecharam as portas, pressionadas pelas restrições de crédito impostas pelos bancos. Lojas que estavam acostumadas a vender carros usados sem entrada em até 60 vezes viram o cliente sumir com o aumento das exigências das instituições financeiras. Mesmo assim, as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram naquele ano.

De lá para cá, outras lojas abriram e hoje o setor tem praticamente o mesmo número de empresas que tinha na época. Segundo a Assovepar são cerca de 700 na região de Curitiba. A recuperação, no entanto, veio mesmo em 2013, quando as vendas de automóveis e comerciais leves cresceram 27%, para 912 mil unidades.

De acordo com dados da Fenauto, os cinco carros usados mais vendidos em março em todo o país foram VW Gol (79,3 mil unidades), Fiat Uno (48,7 mil), Fiat Palio (44,2 mil), Chevrolet Corsa (26,6 mil) e Chevrolet Celta (26,3 mil).

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