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Corte de despesa

Com orçamento apertado, governo autoriza menos concursos em 2014

Criação de vagas no funcionalismo público federal caiu pela metade no primeiro semestre de 2014, sinalizando esforço para reduzir a pressão sobre a folha de pagamento

Estatais como os Correios e a Petrobras não entram na conta do Ministério do Planejamento: contenção para sair do vermelho | André Rodrigues/Gazeta do Povo
Estatais como os Correios e a Petrobras não entram na conta do Ministério do Planejamento: contenção para sair do vermelho (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)

Com problemas de caixa, o governo federal reduziu a folha de pagamento no primeiro semestre deste ano. As despesas com pessoal recuaram de R$ 115,3 bilhões nos seis primeiros meses de 2013 para R$ 114,7 bilhões – o melhor resultado desde o mesmo período de 2010. Considerando os últimos 12 meses até junho, 2014 é o único ano em que o gasto com o funcionalismo público cresceu abaixo da inflação.

INFOGRÁFICO: Veja o número de vagas de concursos públicos

O esforço para sair do vermelho impactou na autorização de novos concursos. A criação de vagas na administração federal direta – que inclui órgãos como os ministérios e as secretarias – caiu pela metade entre janeiro e junho deste ano, na comparação com o mesmo período de 2013. Até o mês passado, o governo autorizou 13.754 novas vagas em seleções públicas – o equivalente a 43,3% do total criado no primeiro semestre do ano anterior (31.757 cargos).

A Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2014 previa 47.112 vagas para novos servidores do Executivo, mas até agora foram abertas apenas 29% delas. "A previsão da LOA é um chute. Em geral, se executa entre 50% e 60% do previsto", diz Ricardo Ferreira, especialista em concursos públicos e autor de livros na área.

A justificativa para enxugar gastos é a mesma que gerou um corte de R$ 44 bilhões no Orçamento Geral da União, em fevereiro deste ano: atingir a meta do superávit primário equivalente a 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB). "Está claro que a prioridade do governo neste ano é garantir que a meta de pagamento dos juros da dívida pública seja cumprida", afirma Marco Antônio Carvalho Teixeira, vice-coordenador do curso de Administração Pública da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Restrição

A menos de três meses das eleições, a autorização de novos editais federais na administração direta em 2014 deve seguir a tendência de outros anos eleitorais, quando a abertura de vagas se concentra no primeiro semestre. Foi assim em 2006 e em 2010. Neste último foram criadas 36.792 vagas nos primeiros seis meses – no ano inteiro foram quase 40 mil.

Além da piora do cenário econômico e das contas do governo de 2010 para cá, o setor de concursos também percebeu uma mudança de perfil no governo com a saída de Lula e a entrada de Dilma Rousseff. "Em 2010, último ano do governo Lula, houve um boom de novos editais no primeiro semestre. O governo Dilma parece mais sensível às críticas da oposição e da mídia e tem tentado mostrar austeridade enxugando a folha", afirma Ferreira.

Segundo ele, a postura do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão tem sido a de autorizar menos vagas do que a quantia realmente necessária. "Embora haja carência de profissionais em áreas importantes do serviço público, reduzir gasto com pessoal é um sinal positivo, sobretudo em ano de eleição", acrescenta. O número de nomeações na administração federal direta via concurso no primeiro semestre de 2014 (12.413 cargos) é o menor desde 2007, quando 11.940 vagas foram preenchidas.

A suspensão de novos concursos prejudica o serviço público federal? Por quê?Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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