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Estacionamento da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, está abarrotado de modelos zero quilômetro à espera de compradores: estoque de veículos no país chegou a 387,1 mil em março | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Estacionamento da fábrica da Renault, em São José dos Pinhais, está abarrotado de modelos zero quilômetro à espera de compradores: estoque de veículos no país chegou a 387,1 mil em março| Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo

Sem saída

Metalúrgicos da Volks aprovam suspensão de mais 400 contratos

Após três assembleias, os trabalhadores da Volkswagen em São José dos Pinhais aprovaram a proposta da montadora de suspender os contratos de trabalho de mais 400 empregados. Em fevereiro outros 300 já tinham tido seus contratos interrompidos por três meses. Com essa nova leva, cerca de 30% dos funcionários de chão de fábrica da Volks no Paraná vão ficar em casa nos próximos meses.

A suspensão – conhecida como layoff – é um mecanismo previsto na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) que autoriza a empresa a interromper temporariamente os contratos de trabalho. Os 400 funcionários da Volks ficarão cinco meses sem trabalhar a partir do próximo dia 5.

Segundo Jamil D’Avila, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, dos 300 que tiveram os contratos suspensos no início do ano, 150 entraram em recesso em fevereiro e outros 150 vão parar em junho. Cada grupo desse ficará afastado das funções por três meses.

Nesse período, a empresa vai pagar parte dos salários, que serão complementados com o valor do seguro-desemprego. Benefícios como participação nos lucros e resultados (PLR), férias e 13.º salário são mantidos. A empresa pagará 8% do valor do FGTS. A medida tem como objetivo equilibrar a demanda aos estoques. A Volks tem uma capacidade de produção de 870 veículos por dia, mas hoje monta 640.

Os funcionários que estarão fora da linha de produção receberão treinamento e qualificação. A Volks planeja lançar novos produtos em 2015, entre eles o novo Golf. Hoje a empresa fabrica os modelos Fox, CrossFox e Spacefox no Paraná.

  • Cerca de 30% dos empregados da Volks vão parar de trabalhar

A queda de 8% na produção de veículos no primeiro trimestre e de 32% nas exportações para a Argentina no mesmo período já afeta o regime de trabalho nos principais parques automotivos brasileiros. Das 20 fabricantes de automóveis, comerciais leves e caminhões instaladas no país, quase metade anunciou alguma medida para reduzir o ritmo de produção, como corte de turno, férias coletivas e plano de demissão voluntária. Nessa lista estão Volkswagen, Renault, Fiat, Peugeot-Citroen, Ford e GM, na área de automóveis, e Mercedes-Benz, Man e Scania, na de caminhões.

Veja a variação da produção no setor automotivo nos últimos anos

Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), no fim de março havia 387,1 mil veículos acumulados nos pátios, o que equivale ao volume de vendas de 48 dias. É o estoque mais alto desde novembro de 2008, quando correspondia a 56 dias de vendas. O setor considera saudável um estoque entre 25 e 35 dias.

Impacto

Diante disso, montadoras instaladas no Paraná adotaram medidas de contenção. Ontem, os funcionários da fábrica da Volkswagem em São José dos Pinhais, na região de Curitiba, aprovaram a proposta da montadora para suspender temporariamente mais 400 contratos de trabalho, a partir de maio.

Já a Renault, que cortou parte da produção após o Carnaval, parou a linha de montagem de automóveis, também em São José, ao decidir prolongar a folga do feriado de Tiradentes até o fim da semana.

Antes da Páscoa, a Fiat concedeu férias coletivas de 20 dias a 800 funcionários na fábrica de Betim (MG). Mas a ação mais radical até agora foi da Mercedes-Benz, que anunciou um plano de demissão voluntária e suspendeu um dos dois turnos da linha de caminhões em São Bernardo do Campo (SP). Parte do excedente de mão de obra – estimada em cerca de 2 mil operários – ficará afastada da fábrica por meio de licença remunerada.

Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sergio Butka, a situação preocupa porque não há sinais de reação do mercado. "No Paraná, o caso mais difícil é o da Volkswagen, porque a empresa adiou a renovação de produtos e o mercado interno está mais fraco. No caso da Renault, o principal problema é a crise na Argentina", diz. O mercado argentino é o destino de 13% da produção brasileira de veículos.

Autopeças

O pé no freio das montadoras já atinge a cadeia de autopeças. "O ajuste é imediato", diz o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) no Paraná, Benedicto Kubrusly Júnior. Segundo ele, no entanto, ainda não há informações sobre demissões no setor.

Kubrusly afirma que o mercado não deve esboçar reação até o fim do semestre, ainda pressionado pelo endividamento do consumidor, o fim da redução do IPI e o crédito mais seletivo por parte dos bancos. "As montadoras não vão conseguir produzir o mesmo que em 2013, como previam inicialmente. A produção vai cair", prevê.

Anfavea propõe mais prazo para férias coletivas

Da Redação

A indústria automotiva e as centrais sindicais discutem, conjuntamente, uma proposta para flexibilizar as férias coletivas e manter o emprego na indústria. Segundo o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan, a proposta consiste em ampliar o prazo para suspensão de contratos de trabalho (o chamado layoff) em tempos de queda na produção para evitar demissões. As informações são da Agência Brasil.

Atualmente, a legislação permite que as montadoras concedam férias coletivas de até cinco meses aos empregados. Nesse período, os trabalhadores ficam em casa recebendo 100% do salário líquido. Do total, parte é bancada pelas empresas e parte é coberta pelo seguro-desemprego. De acordo com Moan, os empresários e os trabalhadores querem a ampliação do prazo de dispensa, mas o novo período de férias coletivas ainda não está definido.

A proposta, disse o presidente da Anfavea, ainda não foi discutida com o governo. "Essa é uma ideia que está sendo formatada. Não há nenhuma definição. Estamos traçando, com as centrais sindicais, um planejamento de médio e longo prazo", esclareceu.

Na opinião dele, a flexibilização das férias coletivas é essencial para preservar os postos de trabalho.

Você é a favor de uma nova desoneração do setor automotivo para estimular as vendas de veículos? Por quê? Deixe seu comentário abaixo e participe do debate.

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