O filme todo mundo já viu. Assim com no ano passado, as projeções de crescimento da economia vêm desmoronando com o passar dos meses, em meio a um cenário de inflação alta, juros crescentes e pouca competitividade da indústria.
INFOGRÁFICO: Veja o índice de crescimento da economia brasileira
Depois do fiasco de 2012 quando a economia brasileira começou o ano com expectativa de crescer 4% e fechou com avanço de apenas 0,9% , 2013 começou com a expectativa de retomada. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, previa crescimento de 3,5% a 4%.
Os especialistas já vinham reduzindo suas projeções nas últimas semanas, mas o derradeiro balde de água fria veio com a divulgação pelo IBGE de um crescimento de apenas 0,6% no primeiro trimestre em relação ao fim do ano passado. Abaixo das expectativas mais pessimistas o mercado esperava algo entre 0,8% e 1%. O resultado só não foi pior porque a agropecuária e os investimentos cresceram.
Com o resultado, a maioria das consultorias mudou sua projeções para algo perto de 2,5% no ano. "Acho que ainda haverá novas revisões para baixo nos próximos meses", aposta Fábio Tadeu Araújo, professor de Economia da PUCPR.
Consumo
Desta vez, ao que tudo indica, a inflação pesou negativamente no resultado da economia, ao comprometer o consumo das famílias, que vinha "salvando" o PIB nos últimos meses. No trimestre, o consumo ficou estagnado, em 0,1%. No quarto trimestre, ele havia crescido 1%.
Além do endividamento e do menor crescimento da renda média, a alta da inflação está corroendo a renda das famílias, que colocaram o pé no freio, segundo Thais Marzola Zara, economista chefe da Rosenberg Consultores Associados.
Para Armando Castelar, coordenador de economia aplicada do Ibre, da Fundação Getúlio Vargas (FGV) os próximos trimestres também devem ser fracos, já que não vão contar com o efeito positivo da agropecuária, que puxou o PIB do trimestre, com crescimento de 9,7%, embalada pela safra recorde de soja. Também não há consenso sobre os investimentos, que cresceram 4,6%, mas ficaram concentrados na compra de máquinas e caminhões para transportar a safra, justamente pelo bom momento da agropecuária.
O cenário geral é de desconforto, ao combinar inflação ainda alta, elevação da taxa de juros, câmbio valorizado, atividade fraca e cenário externo adverso. "O governo vive uma situação complicada. Tentou desonerações para conter a inflação, mas mesmo assim ela persiste em patamares elevados e a atividade econômica ainda vai ser afetada pelo cenário externo, com crescimento menor na China e recessão na Europa", diz Araújo.
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