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O comércio internacional é parte da solução para a crise global de alimentos, e não uma de suas causas, disse neste domingo (10) o diretor da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy.

A integração global representada pelo comércio permite que a comida seja transportada de onde ela possa ser produzida eficientemente para onde houver demanda, afirmou o diretor-geral da OMC.

Por razões geográficas, muitos países - como o Egito, por exemplo - nunca poderão ser autossuficientes em alimentos, disse Lamy em um discurso preparado para a conferência do Conselho Internacional de Alimentos e Política Comercial Agrícola em Salzburgo, na Áustria.

"O comércio internacional não foi a raiz da crise de alimentos do ano passado", acrescentou. "Na verdade, o comércio internacional reduziu o preço da comida ao longo dos anos por meio da maior concorrência e do aumento do poder de compra dos consumidores."

A disparada do preço dos alimentos em 2007 e 2008 provocou revoltas em muitos países por causa de desabastecimento.

Baixa

As cotações já cederam em relação às máximas, mas muitos especialistas argumentam que o comércio internacional ampliou o problema e que ele não responde aos interesses dos agricultores menores ou dos consumidores de países pobres.

Lamy afirmou que Olivier de Schutter, relator especial da Organização das Nações Unidas (ONU) para o direito à alimentação, condenou a excessiva dependência do comércio para a obtenção de segurança alimentar, ao mesmo tempo em que alguns grupos de produtores agrícolas também pediram uma maior auto-suficiência.

O comércio pode não estar atrás da volatilidade no preço dos alimentos, já que a agricultura representa menos de 10% do comércio internacional e tem menos de 25% de seus produtos negociados internacionalmente, em comparação com a taxa de 50% dos produtos industriais, disse Lamy.

"Sugerir que menos comércio e mais auto-suficiência são as soluções para a segurança alimentar seria argumentar que o próprio comércio é o culpado da crise", disse.

Lamy afirmou que a natureza sensível dos produtos alimentícios leva a agricultura a receber um tratamento especial nas regras internacionais de comércio em comparação com produtos industriais como camisetas ou pneus.

Os países em desenvolvimento estão se tornando mais competitivos no comércio de alimentos, com o aumento de 11% entre 2000 e 2007 das exportações agrícolas de países em desenvolvimento para países desenvolvidos - mais do que os 9% verificados no sentido oposto.

Ainda que milhões de pessoas continuem a passar fome, a parcela da renda pessoal gasta em alimento nos países mais pobres está diminuindo, disse Lamy.

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