A combinação de inflação elevada, crédito mais caro, famílias endividadas, aumento de desemprego e queda na renda levou o comércio a registrar, em junho, a quinta queda consecutiva nas vendas na comparação com o mês anterior, algo inédito na série do IBGE. Sem impulso para qualquer recuperação, o varejo encolheu 2,2% no primeiro semestre, o pior resultado desde o início de 2003. No Paraná, o setor cresceu 0,3% no período, também o ritmo mais fraco em 12 anos.
O varejo restrito (que não inclui veículos e material de construção) não apresenta resultados positivos desde janeiro, e a retração nas vendas ganhou força no segundo trimestre. Só em junho, o recuo foi de 0,4% em relação a maio. “A situação se agravou a despeito do comportamento menos agressivo da inflação no varejo. Isso é evidência de que o bolso do consumidor está furado, e os preços que pressionam são administrados e serviços”, disse o economista Fabio Bentes, da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Diante dos resultados, a CNC revisou suas projeções e espera agora uma queda de 2,4% nas vendas do varejo em 2015, o que será o pior desempenho em 12 anos.
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O retrato do comércio pode ser ainda mais desastroso caso os empresários decidam repassar a alta do dólar ao consumidor. Por enquanto, os preços mal reagiram ao câmbio. A inflação de bens de consumo duráveis (como veículos e eletrodomésticos, que têm componentes importados) avançou 3,2% em 12 meses até junho. Enquanto isso, o dólar subiu mais de 50% em relação ao real.
Até agora, o segundo trimestre é apontado como o pior momento do comércio este ano, com queda de 3,5% nas vendas em relação a igual período de 2014. Ainda assim, economistas não acham que os comerciantes possam ficar tranquilos a partir de agora.
“Por enquanto, em função do quadro conturbado econômico e político, fica difícil antecipar alguma mudança na confiança dos consumidores que poderia reverter o quadro de desaceleração do varejo”, afirmou o economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano.
Em junho, as vendas do varejo ampliado (que incluem veículos e materiais de construção) recuaram 2,8% em relação ao mês anterior. “É a sétima queda consecutiva, nunca houve uma sequência como esta”, disse Isabela Nunes Pereira, gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE.
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