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Diante da concorrência cada vez mais forte de novos produtores de vinho no mundo, os ministros da Agricultura dos 25 países membros da Comissão Européia se reuniram nessa segunda-feira em Bruxelas para discutir a reforma desse setor na Europa. No entanto, a comissão cedeu a pressões de grandes países produtores, resistentes às mudanças, e concordou em adiar para não antes de 2007 a apresentação da proposta definitiva.

A reforma, cujas bases foram apresentadas pela comissão em junho, tem como principais objetivos eliminar a superprodução da bebida no continente, estimular mudanças na qualidade da produção e frear a queda de preços. A principal medida proposta é a eliminação, ao longo de cinco anos, de 400 mil hectares de videiras, o equivalente a 12,5% da área plantada dos países-membros.

Por trás da necessidade de mudanças estão os subsídios da Europa ao setor, que ao longo dos anos acabaram criando uma produção pouco competitiva e maior do que a capacidade de consumo local ou de exportação.

A Europa precisa fazer frente à concorrência cada vez mais forte de produtores de países do chamado "novo mundo" - como os jornais franceses têm se referido a Estados Unidos (Califórnia), Chile, África do Sul e Austrália. Apesar de não terem a tradição das vinícolas francesas, produtores desses países têm avançado rapidamente no mercado.

- Temos que saber potencializar as qualidades do vinho europeu e aprender a elaborar novos tipos de vinhos que se adaptem ao gosto dos consumidores - disse a ministra da Agricultura da Espanha, Elena Espinosa, à imprensa local. - Não temos que renunciar a nosso passado para nos adaptar ao presente.

Apesar de o projeto prever 2,4 bilhões de euros em indenizações aos produtores, os países que concentram as vinícolas são contra o arranque das videiras, pedem redução da meta e mais tempo para cumpri-la.

Segundo o jornal francês "Le Monde", a Comissão Européia cedeu à pressão e concordou em apresentar a proposta definitiva de reforma apenas a partir de 2007, segundo a comissária européia da agricultura, Mariann Fischer Boel.

O ministro português da Agricultura, Jaime Silva, afirmou que a reforma do setor do vinho deverá ser decidida apenas durante a presidência portuguesa da União Européia (UE), no segundo semestre do ano que vem.

Portugal, Espanha, França e Itália concentram 80% da produção dos países-membros.

Não há consenso entre os países e cada um tem suas reivindicações. Em coletiva de imprensa, o ministro afirmou que a Alemanha, que ocupará a presidência da UE no primeiro semestre, não concorda com o fim da autorização para acrescentar açúcar ao vinho - o que aumenta o teor alcoólico da bebida.

- O único consenso é que a União Européia tem uma posição de liderança no mercado mundial - produz mais e melhor vinho - disse Jaime Silva.

Em relação à proposta de Bruxelas de reduzir a área de videiras plantadas em 400 mil hectares, Jaime Silva garantiu não ser "um instrumento adaptado à realidade portuguesa". "Achamos que pode haver lugar algum arranque, mas em Portugal 10% do que a comissão quer já seria muito exagerado".

- Queremos uma reforma de fundo, mas que deverá equacionar um período de transição que permita aos produtores portugueses produzir mais e melhor - acrescentou o ministro luso.

Portugal é o Estado-membro com a maior variedade de videiras, com 341 castas. No país, há 236 mil hectares plantados - de um total de 3,5 milhões de hectares na UE - e 39,5 mil produtores declarados.

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