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Luiz Meisler, vice-presidente executivo da Oracle na América Latina. | Estudio Retrato-SP/Divulgação
Luiz Meisler, vice-presidente executivo da Oracle na América Latina.| Foto: Estudio Retrato-SP/Divulgação

O fundador da Oracle, Larry Ellison, é da primeira geração de jovens que começaram a revolucionar o mundo da computação no final dos anos 70. Quatro décadas depois, a Oracle se tornou uma gigante, com clientes no mundo inteiro. E se vê na encruzilhada de se manter relevante com as mudanças aceleradas que ocorrem no mundo digital que ela própria ajudou a construir.

A Oracle sempre priorizou soluções voltadas para o mundo corporativo, como bancos de dados, sistemas de gestão e toda a infraestrutura que dá suporte para grandes corporações rodarem. Todos setores na mira das transformações digitais em curso na indústria 4.0.

De olho neste risco, a multinacional decidiu se reinventar. “Há dois anos vimos que o mundo estava mudando de uma forma radical. E a companhia precisava sair de um modelo de negócios arraigado por 30 anos e partir para um modelo que tivesse uma causa. Então definimos que queríamos transformar o mundo, a começar pelas pessoas”, resume Luiz Meisler, vice-presidente executivo da Oracle na América Latina.

A mudança passou por recriar processos da empresa, para torná-la mais ágil. Depois de três anos trabalhando com os conceitos de “design thinking”, a empresa abriu um espaço voltado a uma inovação mais aberta e desprendida, o Innovation Labs, que fica dentro de um espaço de coworking, em São Paulo.

Ali é feito um processo de cocriação. No lugar de oferecer uma solução pronta, a Oracle tenta encontrar, junto com os clientes, quais são os problemas que precisam ser resolvidos. “Tem cliente que já vem com um problema formatado. Mas as vezes ele chega aqui e pode ser que a gente apresente uma startup que vai solucionar algo que ele nem sabia que precisava resolver”, explica Renato Nobre, arquiteto de inovação da Oracle Brasil.

Migração para a nuvem

Outra grande mudança é a migração para nuvem na prática significa que as aplicações não precisam mais ser instaladas nos computadores, e podem ser acessadas por todo tipo de dispositivo. As empresas também não precisam mais manter grandes salas com servidores.

“Quatro anos atrás eu perguntei para uma plateia de executivos, em São Francisco, quem tinha planos de migrar para a nuvem e só 10% levantaram a mão”, lembra Bob Weiler, vice-presidente global da área de negócios da Oracle. “Hoje, na indústria, a gente vende mais soluções em nuvem do que qualquer outra coisa. Isto porque é lá que estão o futuro e a inovação”.

A mesma coisa aconteceu nos anos 1980, quando surgiram os sistemas de gestão empresarial (ERP, na sigla em inglês), lembra Weiler. Antes, cada etapa do processo rodava em um programa de computador diferente. O ERP, que agrupa todos os processos em uma única plataforma, foi uma revolução.

Os sistemas desenvolvidos na nuvem são mais leves e mais baratos do que os tradicionais. Mas é a tecnologia que os torna tão especiais.

Isto porque a nuvem se conecta ao que há de mais moderno no mundo da tecnologia, como a inteligência artificial, a internet das coisas, o blockchain e o aprendizado das maquinas (mesma tecnologia utilizada pelos carros autônomos).

No Brasil, a computação em nuvem permitiu à Oracle chegar a um público até então distante, o de pequenas e médias empresas, que têm um orçamento limitado para incorporar sistemas de gestão. Apesar disso, a nuvem é só um meio — e não a estratégia da Oracle — para se manter relevante.

Parceria com startups

O relacionamento com startups é uma parte importante da estratégia da Oracle de se atualizar para a era da indústria 4.0. A aceleradora da empresa, em São Paulo, está na segunda turma. Participam do programa as chamadas scale ups: startups mais maduras, que já têm um produto consolidado.

“As startups têm boas práticas de vender para as pequenas e médias empresas que a Oracle pode aprender”, explica Vitor Andrade, coordenador do Oracle Startup Cloud Accelerator (Osca) no Brasil. Por outro lado, “os caras vem aqui buscar conhecimento de vendas e expertise de aproximação com grandes clientes”.

Durante o programa, que dura 6 meses, as startups são instadas a desenvolver soluções próprias que dialoguem com os sistemas da Oracle. São coisas totalmente independentes, mas que mantêm uma tecnologia amigável.

As startups têm crédito para utilizar a plataforma em nuvem da Oracle. Mas, principalmente, garantem o acesso a grandes clientes da multinacional, que muitas vezes são reticentes a incorporar tecnologias de empresas que estão começando.

Para a Oracle é interessante ter aplicações modernas que dialoguem com seus sistemas. Mas o mais importante é o relacionamento com este ecossistema de inovação. “Hoje é difícil inovar, porque 80% do orçamento de T.I. das empresas é dedicado a manter uma estrutura antiga, obsoleta”, acredita Bob Weiler. E estar ao lado de startups que agem de forma disruptiva em relação a este universo é um grande aprendizado para uma grande empresa.

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