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Em um negócio de quase R$ 700 milhões, a Gol comprou a Varig, que vai virar o braço internacional da empresa. É o maior negócio na aviação civil. Mas alguns analistas já estão preocupados com a redução da concorrência no setor aéreo.

Em nota, a Gol diz que a Varig deve adotar serviços diferenciados, mas dentro do modelo de baixo custo, com conforto e praticidade. A primeira medida é acabar com a primeira classe nos vôos internacionais. Ainda segundo o comunicado, as empresas juntas devem abocanahar quase 45% do mercado doméstico e pretendem chegar à liderança do setor ainda este ano.

Pior para o consumidor, segundo o especialista em estratégia empresarial, Sérgio Lazzarini, já que desestimula a concorrência. O negócio foi bom mesmo para a empresa compradora.

"Ao adquirir a Varig, ela acaba tendo as concessões que a Varig tem de operar em determinadas rotas, que são altamente interessantes e altamente lucrativas. Estamos falando, por exemplo, de ponte aérea Rio-São Paulo e assim por diante, que são as rotas bastante visadas por essa empresa. Com essa aquisição, ela se consolida no mercado doméstico. Eu acho que esse é o principal motivo, ou objetivo, por trás dessa compra", observou o especialista Sérgio Lazzarini.

Segundo a Gol, o programa de milhagem da Varig, que tem mais de cinco milhões de clientes, vai ser mantido. A operação de compra ainda precisa da aprovação da Anac e está sujeita também à análise do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão que cuida da defesa da concorrência no país.

Baixo custo

Com a compra, a Gol, que hoje tem 67 aeronaves, ganha mais 17 aviões e ganha, principalmente, a possibilidade de explorar rotas internacionais, aplicando a filosofia do baixo custo.

Gol e Varig agora pertencem a um único dono, mas isso não significa que elas serão uma só empresa. Para os novos proprietários, são duas marcas fortes e reconhecidas.

"Serão duas empresas com independência e que irão competir entre si. Ou seja, cada uma com a sua vocação irá tentar atrair os seus clientes através dessas vocações", disse o presidente da Gol, Constantino Júnior.

A compra da Varig foi anunciada pessoalmente ao presidente Lula em reunião no Palácio do Planalto. Cabe agora à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) oficializar o negócio.

A empresa, que hoje tem 17 aeronaves, passará a contar com o dobro e poderá explorar rotas internacionais na Europa e nas Américas.

"Posso dizer que o presidente recebeu bem esta delegação e essa comunicação e pediu à Anac, já que estamos de posse dos documentos, que analisasse num prazo mais breve possível para que nós, dentro daquilo que prega as nossas regras, possamos fazer essa transferência acionária", contou o presidente da Anac, Milton Zuanazzi.

Quando a Gol começou a operar, em 2001, apostou em preços populares. Copiou a fórmula de custos menores usada em países como Irlanda e Austrália. Apostou na simplificação dos serviços. Assim, em seis anos, a empresa conquistou 37,12% do mercado doméstico e chegou à vice-liderança.

A Varig nasceu em 1927. Sempre valorizou o luxo e o atendimento individual. A empresa chegou a operar 60 vôos internacionais, marca nunca alcançada por outra companhia brasileira. Mas no ano em que nascia a Gol, a Varig começava a entregar os pontos. A crise financeira resultou em demissões, fim de vôos e a perda de aviões.

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