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Imagens do Homefront: parte gráfica do jogo não está a altura dos mais modernos disponíveis atualmente | Reprodução
Imagens do Homefront: parte gráfica do jogo não está a altura dos mais modernos disponíveis atualmente| Foto: Reprodução

Em discurso realizado em 29 de janeiro de 2002, o en­­tão presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, deu nomes aos bois. Descreveu o que os americanos consideravam o "Eixo do Mal", nações hostis com planos nucleares. Coreia do Norte, Irã e Iraque eram os alvos da mensagem. Com o Iraque invadido e as recentes revoluções árabes, o número de inimigos públicos caiu. O regime do Pyongyang continua suas desafiadoras manobras militares, como testes de mísseis nos arredores do Japão e Coreia do Sul. Neste contexto, a THQ achou que já era hora de dar um tempo em jogos de zumbis e alienígenas e colocar no mercado um título com uma história mais realista, no estilo de Call of Dutty, transformando o regime comunista asiático como o protagonista de uma possível Ter­­ceira Guerra Mundial.

No começo de Homefront, disponível para PC, Xbox 360 e Play­station 3, um filme super produzido mostra a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clin­ton, condenando uma série de ataques norte-coreanos. Alguns anos depois, o ditador Kim Jong-il morre e dá lugar a seu filho, Kim Jong-un, que dá início a uma expansão territorial. Em 2015, os comunistas conquistam a vizinha Coreia do Sul. Três anos depois é a vez do Ja­­pão se render. Mas os planos não pa­­ram por aí e, pela primeira em toda a história, os Estados Unidos são invadidos por terra e terão de derramar sangue no quintal da pró­­pria casa. A apresentação da história, com pouco menos de cinco minutos, é o ápice da jornada. Daí em diante o que se vê é um jogo morno, sem tanta inspiração e que carece de personalidade. Merece, no entanto, um lugar ao sol por ter abordado tema polêmico baseado no conto do escritor John Milius, um dos roteiristas de "Apocalypse Now".

Um dos principais motivos pa­­ra a preferência das produtoras pa­­ra temas mais lúdicos e fantásticos, como zumbis e alienígenas, é o me­­do de que seu produto seja taxado como violento. Reparem, caros leitores, que os inimigos normalmente vertem gosmas e não um si­­­­mulacro de sangue. Com isso, evi­­­­tam mídia negativa e têm mais chances de serem classificados pa­­ra um público mais amplo. Ho­­me­front preferiu seguir o caminho de uma outra vertente bem me­­nor, mas que dá os melhores lu­­cros: as guerras atuais. Entre os mais festejados nesta seara encontram-se o já citado Call of Dutty, recordista em lu­­cratividade, e Battle­field: Bad Com­­pany, preferido da crítica. A THQ parece não ter do que reclamar, pois mesmo com uma estreia pouco elogiada conseguiu vender um milhão de unidades em apenas uma semana, número bem expressivo para uma série em início de carreira e que mostra um mercado à espera de mais jogos realistas.

O melhor de Homefront é justamente a possibilidade de ter uma se­­gunda versão em breve. Não que o jogo seja ruim. O básico dos jogos de tiro está lá: movimentação em equipe, arsenal vasto, com direito a personalização, e muitos veículos, incluindo helicópteros, a se­­rem usados. O sistema on-line mul­­tiplayer permite que o jogador evolua em até 75 classes. Traz ma­­pas gigantescos para serem explorados por 32 jogadores simultâneos e servidores dedicados para evitar gargalos durante as disputas. A parte gráfica não está à altura dos tops atuais, como Killzone 3, e apre­­senta diversos bugs de interface. Tudo pode ser facilmente resolvido num futuro Homefront 2. Com jogabilidade mais refinada e investindo ainda mais em histórias atuais e imagens fortes, a franquia tem tudo para conquistar os críticos e o público. Hoje, a fórmula funciona comercialmente, mas falta algo para uma experiência fluída e com profundidade narrativa.

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