
Passado o boom imobiliário, a nova fase do mercado de imóveis nas principais cidades do Paraná vem apresentando comportamento retraído. Um indicador deste cenário é a emissão de Habite-se, documento que regulariza as obras na construção civil. De 2011 para 2013, o número de certificações liberadas pelas prefeituras caiu em quatro das cinco maiores cidades do interior do estado. A maior redução observada, de 33%, foi em Ponta Grossa.
INFOGRÁFICO: Veja o índice de redução de Habite-se nos últimos três anos
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento, em 2011 foram contabilizadas 2.229 regularizações, enquanto no ano passado o montante ficou em 1.624. Na região Oeste, Cascavel teve movimento semelhante. Foram emitidos 1.877 Habite-se em 2013, 24% a menos que em 2011, quando o número chegou a 2.475.
Em Londrina, a redução no período foi de 4%, com 3.415 certificações liberadas no ano passado, contra 3.560 em 2011. Já em Maringá, no Noroeste, a queda no número de Habite-se emitidos nos três anos foi de 19%, passando de 6.759 para 5.409.
Nestas duas últimas cidades, contudo, houve aumento no número total de metros quadrados construídos. Em Londrina, o acréscimo foi de 17% de 797.900 m² para 935.023 m²; enquanto em Maringá foram 1.1016.538 m² de área no ano passado, contra 940.980 m² em 2011, uma evolução de 8%.
Para o presidente do Sinduscon Norte, Osmar Ceolin Alves, o setor, basicamente, depende da disponibilidade de financiamentos por isso a oscilação nas construções. "Se o comprador tem facilidade para financiar juros mais baratos, tem-se mais crescimento".
Exceção
No município de Foz do Iguaçu, houve ligeira recuperação. De 968 Habite-se registrados há três anos, 2013 fechou com 990. Um ano antes, a prefeitura havia emitido 1.128 certidões. "Ainda é uma situação favorável porque o preço dos imóveis subiu muito. Para se ter uma ideia, terrenos de 360 metros quadrados, que antes eram vendidos a R$ 8 mil, hoje são comprados na cidade por até R$ 80 mil", relata o servidor Célio Silva, da Divisão de Fiscalização de Obras da Prefeitura de Foz.
O presidente do Sinduscon Oeste, Edson José de Vasconcellos, avalia que, apesar dos números, o mercado da região ainda está "saudável", devido ao índice de construções estar abaixo da taxa de crescimento vegetativo dos municípios. "O que tem que existir é um cuidado para não se lançar mais unidades que a demanda da cidade, para não sobrar muito imóvel", observa.
Ainda assim, completa, quando há oferta em excesso, o excedente tende a ser regularizado nos anos seguintes, quando menos unidades serão lançadas.
Construtoras apostam em médio e alto padrão
Pelo interior, a escolha por lançar unidades de médio e alto padrão tem sido a aposta de construtoras e incorporadoras. É o caso das empresas A. Yoshii e Plaenge, em Londrina. Se somadas, as unidades a serem lançadas por ambas neste ano ultrapassam a marca dos 2,3 mil apartamentos. Junto à construtora Thá, a projeção é entregar 228 empreendimentos no ano que vem. Desde 2010, as três construtoras lançaram na região de Londrina e Maringá cerca de 8 mil unidades.
"Sentimos que o perfil dos visitantes dos plantões está mais maduro. As pessoas nos procuram sabendo o que querem comprar, formas de pagamento, correção de juros. Isso deixa o mercado mais qualificado também", diz a gerente regional da Plaenge em Londrina, Célia Catussi.
Ela observa que o preço médio das construções tem variado de acordo com as características de cada tipo de imóvel. Há desde apartamentos de alto padrão, de apenas um dormitório, na região central, por R$ 250 mil, a imóveis maiores, de médio padrão, por R$ 500 mil.
Segundo o Sinduscon Norte, em Londrina a maior demanda tem sido por apartamentos com até dois dormitórios e 70 metros quadrados.



