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A aposentada Noeli, que está à procura de uma geladeira nova, quer evitar compra parcelada. | Daniel Derevecki/Gaztea do Povo
A aposentada Noeli, que está à procura de uma geladeira nova, quer evitar compra parcelada.| Foto: Daniel Derevecki/Gaztea do Povo

Apesar do aumento da taxa básica de juros, o consumidor não dá sinais de que vai reduzir o ritmo de compras e, para driblar o crédito mais caro, está esticando os prazos de pagamento para que a parcela do financiamento caiba no bolso. De acordo com dados do Banco Central, o prazo médio de pagamento das operações de crédito passou de 404 para 468 dias – um alongamento de dois meses – entre junho de 2007 e junho de 2008. No caso de aquisições de veículos, a média saiu de 562 para 602 dias; no financiamento imobiliário passou de 1.798 para 2.501 dias; e no crédito pessoal, de 432 para 500 dias. Na prática, isso significa que, em vez de deixar de comprar, o consumidor está optando por prazos mais longos na aquisição de bens, o que ajuda a manter as vendas em alta, mesmo com inflação e taxa de juros mais salgadas.

Nos primeiros seis meses do ano, as vendas no comércio cresceram 10,6%, a maior alta semestral desde o início da série histórica da pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2001. A previsão é de que o setor encerre o ano com uma expansão de 9,5%, resultado bem próximo do alcançado em 2007 (alta de 9,7%).

Para atrair o consumidor e contornar os juros, o varejo também aposta em planos mais longos. "Criamos uma opção com mais parcelas para que o consumidor possa pagar uma prestação mais baixa", diz Eduardo Balaroti, diretor de marketing e vendas da rede de lojas de material de construção Balaroti. A empresa acaba de lançar um plano de pagamento de 24 vezes com juros de 1,99% ao mês. A previsão é aumentar as vendas de 6% a 10% em 2008. Na Casas Bahia, maior rede de eletrônicos e móveis do país, o prazo de financiamento, em média de oito meses, subiu para dez meses, segundo informou a assessoria de imprensa da empresa. Aumentar o número de prestações é uma estratégia para não precisar elevar o valor das parcelas em função da alta dos juros e dos preços, embora, ao fim do financiamento, o cliente vá pagar mais. "O consumidor brasileiro ainda não faz a conta de quanto vai pagar no fim do prazo. Para ele, o mais importante é ter uma parcela mais baixa. Ele opta por essa estratégia para fugir do aumento dos preços e da pressão no orçamento, muitas vezes já comprometido com outras compras", afirma Marcio Pauliki, superintendente da MM Mercado Móveis. A cadeia de lojas de móveis e eletrodomésticos detectou um aumento do prazo médio de financiamentos, que passou de nove para doze meses.

Além da pressão dos juros, alguns produtos, como colchões e eletrodomésticos de linha branca, já estão mais caros, em função, respectivamente, da pressão dos custos do petróleo e do aço. Mas esse cenário ainda não provocou recuo nas compras, de acordo com Pauliki. A empresa registrou um aumento de 30% nas vendas no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. Para a segunda metade do ano a previsão é de um acréscimo de 20%.

Com previsão de crescer 13% em 2008, a Leroy Merlin, que vende material de construção e de decoração, viu dobrar, nos últimos meses, o número de financiamentos de longo prazo, principalmente entre as classes C e D. Atualmente a empresa oferece planos de 10 vezes sem juros e de 12 a 36 vezes, com taxas variam de 0,99% a 2,99% ao mês. De acordo com o diretor comercial para a Região Sul, Marcos Lima, o consumidor dilata o prazo porque já comprometeu a renda com outros compromissos, como a mão-de-obra na construção.

Porém a elevação da taxa básica Selic, hoje em 13% ao ano, provoca mudanças na estratégia de algumas redes . Muitas viram crescer os custos de captação junto aos bancos e estão reduzindo os prazos para pagamentos sem juros. No Balaroti, o número de parcelas sem juros caiu de 10 para 5 e na MM, de 10 para 6.

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