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Continuando nossa viagem com os relatos de brasileiros vivendo nos países da Copa, caímos na caliente Argentina. Nosso amigo de lá é o Túlio Pires Bragança, de 24 anos. Túlio trabalha na filial em Buenos Aires de uma empresa de publicidade americana, em que trabalham também argentinos e norte-americanos. Dentro da casa dos nossos "arquiinimigos", Túlio procura um jeito de torcer pela seleção brasileira – não sairá com a camisa verde-amarela nas ruas caso o Brasil chegue ao hexa. Mas vamos deixar ele mesmo comentar. A voz é sua Túlio:

"Posso estar errado, mas a impressão que eu tenho é que os argentinos são mais fanáticos por futebol que os brasileiros. Ou melhor, existem aqui muito mais fanáticos e doentes. Maradona significa muito mais pra eles que o Pelé significa pra nós. É uma coisa que vai além do futebol. Maradona é uma celebridade a qual eles rendem um tipo de culto. Outra coisa, essa rixa entre Brasil e Argentina é muito mais fraca aqui. Claro, existe sim a rivalidade em campo, mas fica só lá. No resto, o Brasil é um país muito admirado e respeitado, assim como seu povo. O futebol brasileiro então nem se fale, para eles o Brasil é favoritíssimo, não dá pra perder tendo Kaká, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo e Adriano. Eles dizem que ficam contentes se chegarem até a semi-final, mas duvido muito. Certamente querem o título e vão chorar se não conseguirem.

O fato é que a decepção de 2002 deles foi enorme mesmo. A seleção Argentina não passar da primeira fase foi algo que não acontecia há tempos. Existe um sentimento de que precisam de superação. Eles estão mordidos, querem provar que ainda são potência no futebol. Riquelme, Tevez, Crespo e Messi são as grandes estrelas do time e os mais populares.

Programas de Copa estão na TV já faz mais de um mês. Ou seja, dois meses antes da Copa existem programas diários onde o assunto é o Mundial. Não sei como eles fazem, mas sempre há assunto. Vejo nas ruas muitas pessoas com a camisa da seleção, muito mais que no Brasil, agora com o clima pré-Copa mais ainda. Nos maiores jornais do país existe o caderno esportes e o caderno COPA. Comerciais de TV batem na tecla da Copa, Celular, grandes lojas, cerveja e tudo quanto mais.

Estou muito ansioso pra ver a Copa aqui. Onde eu trabalho existem outros seis brasileiros, sou vizinho de outros dois no prédio onde moro. Daremos um jeito de nos reunir para assistir aos jogos. No trabalho já avisaram que os argentinos vão parar durante os jogos da Argentina e os brasileiros, no do Brasil, os americanos, bem... que continuem trabalhando. Acredito que no final das contas todos vão parar nos jogos das duas seleções.

É a primeira vez que vejo a Copa longe do Brasil, acho que vai ser um pouco triste por perder toda aquela comoção nacional na hora do jogo, todo aquele clima de Copa que se estende por um mês que é fantástico. Mas aqui as pessoas são doentes também e desde já existem muitos papos sobre COPA! Não pode parar de falar em COPA!

Voltando ao assunto da rixa, que aqui é incomparavelmente menor, e a admiração pelo Brasil e seus jogadores muito grande. Na Calle Florida, tipo um calçadão rua XV só que muito maior, na rua onde turistas compram de tudo existem muitas lojas de esportes. Na esquina da Av. Corrientes com Florida existe uma foto gigantesca, põe gigante nisso, numa das maiores lojas da cidade... do Ronaldinho Gaúcho. É uma esquina importantíssima e de muito movimento na cidade. É ali a umas quatro quadras, no cruzamento da Avenida Corrientes com 9 de Julio que fica o Obelisco, símbolo da cidade. No Shopping Abasto, perto de onde moro, existe uma outra foto gigante do Ronaldo correndo e uma outra do Adriano.

Na televisão, existem propagandas com jogadores brasileiros, uma que eles estão todos no vestiário brincando com a bola. Robinho, Ronaldinho, Ronaldo. Uma coisa que é impensável no Brasil. Messi, Riquelme e Tevez são jogadores de muita qualidade, mas nunca teríamos comerciais de TV com eles.

Mas eles não deixam de cutucar os brasileiros sempre, como no comercial daquela conhecida empresa de cartões de crédito que mostra um menino brasileiro cortando o cabelo como o do Tevez. ‘Corte de cabelo, x reais. O melhor jogador brasileiro ser um argentino não tem preço’."

Leia a história de Luíza Quadrado, tendo que conviver com beisebol e futebol americano em plena Copa do Mundo.

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Próxima história: da caliente Argentina para a nebulosa terra dos inventores do futebol - Inglaterra, nesta quinta-feira (18/05)

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