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O curitibano Oliver Kawase Seitz, 25 anos, é o típico cara que diz uma informação específica sobre futebol com a maior naturalidade, como se todo mundo entendesse do assunto como ele. Apaixonado pelo esporte e formado em Relações Públicas pela UFPR, Oliver se mudou para Liverpol (Inglaterra) em setembro de 2005 para fazer doutorado em Indústria do Futebol, na universidade local. Mas mesmo para este pesquisador do futebol, jogo da seleção é jogo da seleção: Oliver vai viajar para Alemanha e assistir aos jogos nos estádios. Mas é melhor deixar ele próprio falar. É com você Oliver:

"O sentimento em relação à Copa na Inglaterra é bastante diferente daquele que predomina no Brasil. É fato que a Inglaterra é um país de muita imigração, e que - um pouco diferente do Brasil - os imigrantes tendem a fazer o possível para manter e exaltar sua cultura. Por isso o sentimento patriótico é um pouco disseminado. É até possível encontrar uma ou outra bandeira pendurada em algum carro, mas nada que se compare à predominância de camisas nas cores verde e amarelo que existe atualmente no Brasil.

Talvez por ser o país que inventou o futebol, a paixão do torcedor inglês está muito mais relacionada ao seu clube do que ao país. A Copa do Mundo possui uma certa subvalorização histórica para a Inglaterra. Já houve vários conflitos políticos e diversos boicotes entre a federação nacional, a FA, e a FIFA, e isso acaba relevando a Copa não tanto a um campeonato que envolve a instituição pátria, mas sim um campeonato que se acompanha para poder assistir a bons jogos de futebol. Tanto que algumas campanhas publicitárias de patrocinadores da seleção usam o mote 'torça pela Inglaterra', um pedido para que seja dada a devida atenção à equipe. Essa atenção era até razoavelmente grande quando a Inglaterra acreditava ter chances de ganhar a Copa, e eles estavam realmente otimistas quanto a isso. A capa da revista Fourfourtwo desse mês de maio, uma das mais importantes revistas de futebol do país, estampa alguns dos principais jogadores da seleção e tem os dizeres "Nós podemos ganhar do Brasil".

Porém, a maior parte dessa esperança era confiada aos talentos do Rooney. Assim que ele se machucou, a esperança ruiu. Algumas pessoas chegaram a chorar ao saber que as chances de Rooney disputar a Copa eram mínimas. Esse fato praticamente acabou com o otimismo em relação ao desempenho da seleção na Copa. E esse otimismo praticamente foi por terra quando o técnico recentemente divulgou a lista de convocados e que incluía alguns jogadores pouco conhecidos e de qualidade ainda passível de questionamento, como Theo Walcott - um jogador que acabou de completar 17 anos e jamais disputou uma partida pelo campeonato da primeira divisão.

Vai ser a minha primeira Copa no exterior, e felizmente vou ter a oportunidade de viajar para Alemanha e acompanhar no país-sede. Não fiz nenhuma preparação psicológica pra isso, e acho que nem vou fazer. Até porque eu não faço a menor idéia de como é que vão funcionar as coisas.

Trouxe comigo, é claro, um pequeno aparato patriótico, apenas pra me identificar como brasileiro. Não pretendo pintar a cara e nem levar uma corneta pra cima e pra baixo, porém acho que o uso da camisa é quase obrigatório. Mas como eu não tenho lá muita cara de brasileiro, é bem possível que eu seja confundido com os estrangeiros que torcem pra seleção brasileira. Talvez seja melhor levar a corneta."

Leia aqui a história anterior: Brasileiro na casa dos arquiinimigos argentinos.

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