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Para alguns torcedores aqui do Brasil a Copa do Mundo começa antes da estréia da seleção canarinho. No dia 10 de junho, 16h e... Espere aí! Jogo da Argentina? Isso mesmo, dois torcedores de Missal, cidade da região oeste do Paraná, provam que nem todo brasileiro precisa vibrar com o time de Parreira.

Paulo Eduardo Paetzol, 24 anos, é operador de computador em Missal. Sua paixão pela Argentina começou em 1994 quando o Maradona foi barrado no exame antidoping. "Fizeram uma sacanagem com o ‘Dieguito’ naquele ano e eu comecei a prestar mais atenção no time dos hermanos", conta Paulo. "Admiro muito a raça dos jogadores argentinos. Para mim o Maradona foi o melhor de todos", diz.

A ‘gota d’ água’ para Paulo se bandear para o outro lado da fronteira foi em 1998, quando a seleção brasileira não convocou o jogador Romário. "Eu vibrei bastante com o título em 94, mas já gostava da Argentina. Em 98 larguei a seleção brasileira de vez e só comecei a torcer pelos argentinos", explica. O torcedor explica que não torce contra o Brasil, mas também não torce a favor.

O amigo de Paulo, o auxiliar de contabilidade Giovani Daniel Brod, 27 anos, tem um amor mais recente pela seleção de Carlitos Tevez e Mascherano. A justificativa é exatamente estes dois jogadores. Corintiano doente, Giovani encontrou na contratação dos dois atletas a desculpa que faltava para virar torcedor argentino. "No passado eu apenas tinha uma admiração pelo futebol argentino, mas a vinda de Tevez para o Corinthians foi o empurrão que precisava", disse Giovani que considera Maradona melhor que Pelé.

Assim como Giovani, Paulo também é corintiano e se empolgou quando o time contratou o melhor jogador da Argentina segundo ele, o atacante Tevez. A torcida dos dois pelo Corinthians numa terra em que imperam os times gaúchos, e pela Argentina, provoca a ira dos amigos de Giovani e Paulo. "Todo mundo pega no pé, mas a gente não liga. Saio com a camisa da Argentina e tudo", diz Paulo.

Os dois querem assistir aos jogos dos "hermanos" lá na Argentina, visto a proximidade de Missal com o país vizinho. E acreditam no título, mesmo sabendo do favoritismo da seleção brasileira. "O Brasil tem um bom nível de jogadores, mas como time é meio fraco", analisou Giovani.

Duas terras, uma paixãoTorcida não se discute. Mas enquanto os brasileiros Giovani e Paulo comemoram os gols da Argentina sem um motivo aparente, três imigrantes que moram em Curitiba têm razões mais fortes para torcer por outras seleções.

É o caso do paraguaio Ceferino Alcatraz Levezma, 56 anos, há 35 anos morando no Brasil. Ceferino é filho de brasileiro e veio morar no país ainda na juventude, em busca de aventuras. Ficou, casou, e se encantou com a terra, mas não nega as origens. "Moro há tempos aqui e fico envolvido com o futebol, mas o país de coração sempre bate mais forte", diz Ceferino justificando sua torcida pela seleção paraguaia. Junto com vários amigos compatriotas, Ceferino vai se reunir para assistir aos jogos de sua seleção. "Não pode faltar um bom churrasco e uma cerveja", brinca.

Ceferino é um amante do futebol. Atleticano, o torcedor crê que para quem gosta do esporte, "Copa do Mundo é tudo". Ele acredita que seleção pode ir longe no Mundial da Alemanha. "Temos o Gamarra na zaga e um bom goleiro. O jogo mais difícil vai ser contra a Inglaterra", diz.

Outro amante do futebol é o engenheiro equatoriano Rubem Cerda, de 59 anos. Rubem torce pelo Brasil, quando joga o Brasil e pelo Equador quando joga o Equador. Mas quando se encontram os dois vale a torcida pela terra natal. O engenheiro veio ao Brasil com 18 anos para fazer a faculdade na UFPR. Viajou de volta para o Equador e em 1998 retornou ao Brasil. "A esposa sentia saudades daqui, temos muitos amigos em Curitiba", explica.

Rubem se define como um grande atleticano, "mais torcedor que muito rubro-negro", mas mantém uma grande torcida pelo futebol de seu país. "Mesmo estando anos longe da pátria o coração não muda", conta o engenheiro. Para ele uma das vagas do grupo A é da Alemanha, a outra tem que ser disputada. "O time tem feito alguns jogos fora da altitude de Quito. Vamos ver como vai se sair no mundial", conclui.

O time de imigrantes fecha com uma mistura de países. O cozinheiro Pedro Lazcano Ruiz, 44 anos, é filho de mexicanos, mas nascido nos Estados Unidos. O termo oficial é chicano, mas Pedro não se considera assim. "Na verdade eu sou meio cigano, adoro viajar e sempre estou em algum lugar diferente", conta. Mas o "cigano" Pedro finalmente fincou as raízes num lugar e, apesar das viagens todo fim de ano, escolheu Curitiba para morar. Está aqui há sete anos e é dono de uma barraca de comida mexicana.

"Torço pelo Brasil nos outros jogos, mas quando a seleção encontra o México, torço pelo meu país. Só pra incomodar os brasileiros", brinca Pedro que não se diz norte-americano. Pedro acredita na seleção mexicana, mas o time é comum por começar quente e depois cair de produção. "É igual tequila, quente nas primeiras doses, mas depois derruba o cidadão", diz.

Para Pedro o Mundial é uma festa, o encontro da "comunidade humana". "É este o propósito do mundial, que as pessoas de diversos países se confraternizem e entendem o que é viver em harmonia", diz o mexicano. Se der Brasil na final, Pedro será verde-amarelo desde criancinha. "Eu vivo aqui, a gente tem que dançar conforme a música", brinca.

Acompanhe a cobertura completa do mundial no site da Copa.

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