
Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) mostra que a classe média será a principal responsável por sustentar um crescimento acumulado de 40% projetado pela entidade para a economia brasileira até 2020.
O estudo "A evolução da classe média e o seu impacto no varejo", divulgado ontem, chama de classe média as famílias que formam a classe C definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por esse critério, integram a classe média famílias com renda mensal de R$ 1,4 mil a R$ 7 mil.
A pesquisa prevê que o consumo familiar no Brasil será de R$ 3,53 trilhões em 2020, ante R$ 2,34 trilhões estimados para 2011. O montante representará 65% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2020. Para a entidade, o crescimento do poder aquisitivo da população ficará mais evidente na classe C, que hoje representa 54% dos brasileiros e tem uma capacidade de consumo de mais de R$ 1 trilhão, o que equivale a 51% de toda a renda das famílias.
A previsão é de que já em 2015 a classe média seja responsável pelo consumo equivalente ao das classes A e B somadas. Segundo a pesquisa, o país passa por um forte processo de crescimento do mercado consumidor. Em 2003, as classes A, B e C representavam cerca de 49% das famílias brasileiras e hoje essa proporção chega a 61%.
Entre os maiores
"Em 2003, menos da metade dos brasileiros se encontrava em um patamar médio de consumo, enquanto hoje quase dois terços da população já alcançou esse patamar", afirma o estudo. "O Brasil de 2020 será um dos maiores mercados consumidores e uma das maiores economias globais", acrescenta.
Até o fim da década, a renda per capita da população, que em 2010 era de R$ 19.342, deve crescer 30% nas classes A (rendimento mensal acima de R$ 11 mil) e B (entre R$ 7 mil e R$ 11 mil) e 50% nas demais. "O Brasil tornou-se uma economia de classe média com renda maior e mais bem distribuída e ainda contará com o processo de inclusão de pessoas de faixas de renda mais baixas no mercado de consumo por mais essa década, ao menos", afirma a entidade.
Segundo Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP, a evolução da classe média e seu impacto no varejo estão em curso. "O consumidor brasileiro, que já evoluiu do consumo básico para um patamar mais sofisticado, vai demandar cada vez mais serviços e produtos de alta qualidade", prevê a pesquisa. Com renda mensal familiar média de R$ 2,9 mil, o perfil do consumidor está mudando rapidamente.
Envelhecimento é o "desafio da década"
A pesquisa da Fecomercio-SP projeta que, em 2020, o país terá aproximadamente 207 milhões de habitantes. A população economicamente ativa, atualmente de 130 milhões, deve atingir 145 milhões de pessoas, o que representa um incremento de mais de 10% na força de trabalho potencial até o fim da década.
Para a entidade, entretanto, o principal desafio do Brasil para os próximos dez anos é lidar com as consequências provocadas pelo envelhecimento da população. "Se a última década foi do fortalecimento e crescimento da classe média, esta será focada no entendimento dos riscos e oportunidades envolvidos no envelhecimento da população", observa o estudo.
O total de pessoas com mais de 60 anos deve pular de 18 milhões para 26 milhões em 2020. Na avaliação da Fecomercio-SP, o aumento da qualidade e da expectativa de vida levará muitas pessoas com mais de 60 anos a permanecer no mercado de trabalho.



