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Os salões de beleza estão entre os beneficiados pelas mudanças no padrão de consumo dos brasileiros, segundo a Fecomercio-SP | Marco André Lima/Gazeta do Povo
Os salões de beleza estão entre os beneficiados pelas mudanças no padrão de consumo dos brasileiros, segundo a Fecomercio-SP| Foto: Marco André Lima/Gazeta do Povo

Famílias estão "gastando melhor", diz entidade

Além de consumir mais, as famílias estão gastando melhor o dinheiro, avalia a Fecomercio-SP. Uma das mudanças mais claras está no setor de alimentos. De acordo com a pesquisa, o brasileiro passou a comer mais vezes fora de casa e, com isso, o gasto com alimentação fora do domicílio, em bares, lanchonetes ou restaurantes, cresceu 26,6% entre 2003 e 2009, atingindo R$ 145,59 por mês.

Apesar de comer mais vezes fora de casa, o brasileiro está se alimentando melhor, concluiu o estudo. O consumo de carne bovina de primeira aumentou 4,2%, enquanto o consumo de frango recuou 11,8% no período. Outro exemplo é a substituição do óleo de soja pelo azeite de oliva, cujo consumo avançou 13,8% entre 2003 e 2009.

Os gastos com eletroeletrônicos e compra de serviços como internet, tevê por assinatura, telefonia móvel e até cuidados com o corpo também estão em alta. Os gastos mensais médios com telefonia celular subiram 63,3% entre 2003 e 2009, passando de R$ 17,68 para R$ 28,93, e a despesa com cabeleireiros movimentou R$ 1 bilhão por mês em 2009.

Quase o dobro

De acordo com a entidade, o comércio varejista foi um dos setores privilegiados pela mudança dos padrões sociais da população. O crescimento médio do varejo foi de 9% ao ano de 2004 a 2010, um aumento real de 82% nas vendas no período. "Em sete anos, o comércio varejista quase dobrou de tamanho", afirma a Fecomercio-SP.

Pesquisa da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) mostra que a classe média será a principal responsável por sustentar um crescimento acumulado de 40% projetado pela entidade para a economia brasileira até 2020.

O estudo "A evolução da classe média e o seu impacto no varejo", divulgado ontem, chama de classe média as famílias que formam a classe C definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Por esse critério, integram a classe média famílias com renda mensal de R$ 1,4 mil a R$ 7 mil.

A pesquisa prevê que o consumo familiar no Brasil será de R$ 3,53 trilhões em 2020, ante R$ 2,34 trilhões estimados para 2011. O montante representará 65% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional em 2020. Para a entidade, o crescimento do poder aquisitivo da população ficará mais evidente na classe C, que hoje representa 54% dos brasileiros e tem uma capacidade de consumo de mais de R$ 1 trilhão, o que equivale a 51% de toda a renda das famílias.

A previsão é de que já em 2015 a classe média seja responsável pelo consumo equivalente ao das classes A e B somadas. Segundo a pesquisa, o país passa por um forte processo de crescimento do mercado consumidor. Em 2003, as classes A, B e C representavam cerca de 49% das famílias brasileiras e hoje essa proporção chega a 61%.

Entre os maiores

"Em 2003, menos da metade dos brasileiros se encontrava em um patamar médio de consumo, enquanto hoje quase dois terços da população já alcançou esse patamar", afirma o estudo. "O Brasil de 2020 será um dos maiores mercados consumidores e uma das maiores economias globais", acrescenta.

Até o fim da década, a renda per capita da população, que em 2010 era de R$ 19.342, deve crescer 30% nas classes A (rendimento mensal acima de R$ 11 mil) e B (entre R$ 7 mil e R$ 11 mil) e 50% nas demais. "O Brasil tornou-se uma economia de classe média com renda maior e mais bem distribuída e ainda contará com o processo de inclusão de pessoas de faixas de renda mais baixas no mercado de consumo por mais essa década, ao menos", afirma a entidade.

Segundo Fábio Pina, economista da Fecomercio-SP, a evolução da classe média e seu impacto no varejo estão em curso. "O consumidor brasileiro, que já evoluiu do consumo básico para um patamar mais sofisticado, vai demandar cada vez mais serviços e produtos de alta qualidade", prevê a pesquisa. Com renda mensal familiar média de R$ 2,9 mil, o perfil do consumidor está mudando rapidamente.

Envelhecimento é o "desafio da década"

A pesquisa da Fecomercio-SP projeta que, em 2020, o país terá aproximadamente 207 milhões de habitantes. A população economicamente ativa, atualmente de 130 milhões, deve atingir 145 milhões de pessoas, o que representa um incremento de mais de 10% na força de trabalho potencial até o fim da década.

Para a entidade, entretanto, o principal desafio do Brasil para os próximos dez anos é lidar com as consequências provocadas pelo envelhecimento da população. "Se a última década foi do fortalecimento e crescimento da classe média, esta será focada no entendimento dos riscos e oportunidades envolvidos no envelhecimento da população", observa o estudo.

O total de pessoas com mais de 60 anos deve pular de 18 milhões para 26 milhões em 2020. Na avaliação da Fecomercio-SP, o aumento da qualidade e da expectativa de vida levará muitas pessoas com mais de 60 anos a permanecer no mercado de trabalho.

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