O Banco Central reafirmou que só conseguirá levar a inflação — que deve encerrar o ano em quase 10% — para a meta de 4,5% em 2017. Os motivos apontados pela autoridade monetária para ter “desistido” de 2016 são as contas públicas, o câmbio e o reajuste de tarifas, sobretudo as de energia elétrica. A informação é da ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (29).
O documento era o mais aguardado dos últimos tempos porque os analistas querem entender o que mudou desde o último documento oficial, quando o BC ainda apostava que conseguiria cumprir sua tarefa no ano que vem. A mudança no discurso, entretanto, era esperada pelo mercado financeiro que esperava uma manutenção dos juros básicos em 14,25% ao ano porque voltar a aumentar a taxa (para tentar conter a inflação) poderia condenar o país a uma recessão ainda mais grave que a atual.
Governo federal acumula déficit de R$ 20,9 bi até setembro
A equipe econômica da presidente Dilma Rousseff anunciou nesta semana que o governo federal fechará 2015 com um deficit de pelo menos R$ 51,8 bilhões, o maior da história
Leia a matéria completaPor isso, a decisão de manter os juros foi tomada por unanimidade. A expectativa dos especialistas é que a economia brasileira encolherá 3% neste ano e que a recessão continuará no ano que vem, apesar de ser mais branda.
As incertezas são várias: o quadro político, impeachment e novas perdas de grau de investimento. No entanto, a maior preocupação é com o quadro fiscal. O Brasil já admitiu que gastará mais do que pretende arrecadar neste ano e no outro.
Tudo isso pressiona o dólar e, consequentemente, a inflação. Nos últimos 12 meses, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula uma alta de 9,77%.
Controle da inflação
O Banco Central brasileiro tem, oficialmente, apenas um instrumento para controlar a inflação no país. É a taxa básica de juros (Selic). O Copom define a cada reunião uma meta e o BC faz operações no mercado financeiro com títulos públicos para chegar ao valor determinado.
O sistema vigora desde 1999, quando o BC passou a permitir que a cotação do dólar flutuasse livremente. Antes, o Banco Central usava o controle da moeda americana para conter a inflação.
Após a mudança, a Selic chegou a 45% ao ano. Em 2012, os juros básicos chegaram a 7,25% ao ano, o menor patamar da história.
-
Fim de anúncios eleitorais no Google reflete linha dura do TSE sobre propaganda eleitoral
-
Apoio de Caiado embaralha eleições municipais em Goiânia
-
Energia solar em casa: qual o tempo de retorno do investimento em cada estado
-
Lula desrespeita lei eleitoral pedindo votos para Boulos em ato esvaziado do Dia do Trabalho
“America Great Again”: o que pode acontecer com o Brasil se Trump vencer a eleição
Interferência de Lula no setor privado piora ambiente de negócios do país
“Dobradinha” de governo e STF por imposto na folha prejudica empresas e amplia insegurança
Contas de Lula, EUA e mais: as razões que podem fazer o BC frear a queda dos juros
Deixe sua opinião