
A Copel decidiu dar um desconto extra para o governo do estado, que lhe deve quase R$ 1,4 bilhão. O conselho de administração da estatal aprovou na quarta-feira uma nova proposta, apresentada pelo Executivo estadual, de pagamento antecipado de todo o saldo da Conta de Resultados a Compensar (CRC).
INFOGRÁFICO: Valor do programa de investimentos da Copel para 2014 é o maior da história da empresa
Essa dívida está sendo paga em parcelas desde 2005, e originalmente seria quitada em 2025. Seis meses atrás, a Copel aceitou receber o saldo antecipadamente com um desconto de 10%. Agora, está de acordo com uma redução de até 15%.
Em 30 de setembro, o débito do governo com a empresa era de R$ 1,378 bilhão valor que, com o desconto, baixaria a R$ 1,171 bilhão. "O desconto não se reflete em saída efetiva de dinheiro do caixa da empresa. Na verdade, a companhia troca um ativo de longo prazo por 'dinheiro vivo', que pode ser investido em novos projetos", informou a Copel.
Para o governo, a vantagem da liquidação antecipada é se livrar de uma dívida cara. Em 2005, o governo se comprometeu a pagar a companhia em 244 prestações mensais, corrigidas pela variação do IGP-DI mais juros de 6,65% ao ano soma que, no mês passado, resultou em uma taxa consolidada de 12,5% ao ano.
Para quitar seus débitos, o Executivo pretende tomar um empréstimo de US$ 577 milhões (R$ 1,3 bilhão) do Credit Suisse, com taxas que podem ficar abaixo de 7% ao ano. Além do juro mais baixo, o estado teria três anos de carência e um prazo de 15 anos para pagar o banco suíço.
Como não há previsão de liberação desse empréstimo, também não está definido quando o governo vai pagar a Copel. Por se tratar de um contrato internacional, o dinheiro do Credit Suisse só pode ser liberado com aval do Tesouro Nacional e, em seguida, do Senado. Ontem, o site do Tesouro informava que a análise do pedido foi concluída em 25 de novembro e que agora a instituição aguarda o "agendamento das negociações".
Compensação
A CRC é um mecanismo criado pelo governo federal em 1971 para compensar as companhias elétricas por congelamentos ou reajustes insuficientes das tarifas o que ocorria, por exemplo, quando os preços da energia eram usados para controlar a inflação. Para garantir uma remuneração mínima às companhias, o governo gerava créditos na CRC. Como os direitos da Copel foram repassados ao governo estadual, ele passou a ser devedor da empresa.
Empresa planeja investir quase R$ 2,3 bilhões em 2014
O programa de investimentos da Copel em 2014, anunciado ontem, é de R$ 2,28 bilhões valor que, se confirmado, será o maior da história da companhia. Mas ela não conseguiu executar todo o programado nos últimos anos. De 2010 a 2012, investiu em média 76% do planejado.
Segundo a empresa, quase 60% do montante previsto para 2014, pouco mais de R$ 1,3 bilhão, será aplicado na área de geração de energia, em duas hidrelétricas (Colíder, em Mato Grosso, e Baixo Iguaçu, no Paraná), duas linhas de transmissão e três subestações, entre outros investimentos. A área de distribuição receberá quase R$ 900 milhões, e o restante será aplicado na área de telecomunicações.



