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Consumidores vão arcar com o gasto extra no leilão da Aneel ainda em 2014 | Brunno Covello/ Gazeta do Povo
Consumidores vão arcar com o gasto extra no leilão da Aneel ainda em 2014| Foto: Brunno Covello/ Gazeta do Povo

Surpresa

Rombo na distribuição de energia era menor que o declarado pelo governo

Agência Estado

O anúncio do resultado do leilão emergencial de energia ontem veio com a surpresa da divulgação de uma nova estimativa para a exposição das distribuidoras ao mercado de energia livre, bem abaixo do que vinha sendo dito pelo governo e pelas empresas até a véspera do certame. A diferença expressiva já era sabida desde a semana passada e foi omitida até o fim do leilão, porque os dados surpreenderam até mesmo os executivos que desde sempre sabiam que haveria um recálculo dos valores.

De acordo com uma fonte do setor, o governo também já sabia que o buraco na distribuição de energia caíra de 3.300 megawatts (MW) médios para 2.400 MW, mas avaliou que a divulgação dessa informação na véspera do leilão poderia atrapalhar o andamento do certame. Faltar com transparência em relação ao dado mais importante para se dimensionar o tamanho do problema energético do país teria sido uma estratégia para se obter um maior sucesso no leilão.

Outra informação que também não tinha sido dita até então era que a exposição das companhias para 2014 era "variável e sazonal". Dessa forma, a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee) calcularia de tempos em tempos em quanto as empresas estão descobertas, ou seja, o quanto a demanda por eletricidade supera os contratos de fornecimento que essas companhias detêm para cada período.

Contratações

Saiba quais foram as principais compradoras do leilão de energia:

• A Copel Distribuidora foi a maior compradora do leilão, tendo adquirido 19,285 milhões de megawatts-hora (MWh), o que corresponde a 18,9% do total negociado.

• A Elektro (SP e MS) foi a segunda empresa com maior contratação: 10,524 milhões de MWh, ou 10,35%.

• A gaúcha CEEE Distribuidora ficou em terceiro, com 6,128 milhões de MWh, ou 6% contratados.

• Elas foram seguidas pela RGE (RS), com 6,9 milhões de MWh (5,9%); Celpa (PA), com 5,597 milhões de MWh (5,5%);e Light (RJ), com 5,098 milhões de MWh (5,01%).

O leilão realizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) superou as expectativas e aliviou parte do problema das distribuidoras, mas o custo da energia contratada vai impactar a conta de luz dos paranaenses já em 2014. As distribuidoras que ainda não tiveram reajuste neste ano – como é o caso da Copel – poderão repassar esse valor na tarifa.

Com 380 megawatts (MW) de energia descontratada antes do leilão, a Copel conseguiu reduzir 100% da sua exposição no mercado livre. A companhia foi a maior compradora do leilão de ontem com a contratação de 19,285 milhões de megawatts-hora (MWh), o equivalente a 18,9% de toda a energia vendida no certame. O preço médio da energia contratada foi de R$ 268,33 o MWh.

Embora o preço da energia vendida no leilão seja mais barato do que o praticado no mercado livre – R$ 268,33 contra R$ 822,83 –, o custo médio do MWh do leilão é superior ao valor que já havia sido contratado pelas distribuidoras, mas não foi entregue. No caso da Copel, essa diferença é exatamente o dobro do valor médio dos demais contratos da companhia e será repassada ao consumidor no reajuste previsto para junho próximo. "Será um aumento significativo, seguramente maior que a inflação", disse o diretor-presidente da Copel Distribuição, Vlademir Santo Daleffe.

Além dos custos operacionais da companhia, estimados em 1,5%, ele explica que o reajuste de 2014 ainda tem mais 4,2%, restante do aumento aprovado em 2013 que foi adiado. Além disso, há o custo das térmicas e os ajustes necessários para recompor perdas acumuladas desde o último aumento da companhia. "O tamanho do reajuste depende da sinalização que o governo vai dar em relação ao acionamento das térmicas no próximo ano. É uma aposta delicada. A expectativa de muita geração térmica pode impactar diretamente a tarifa deste ano. Por outro lado, se o governo for muito otimista [de que não haverá necessidade do acionamento], como foi neste ano, pode acabar onerando ainda mais as distribuidoras", explica Daleffe.

Balanço

Em meio à crise do setor elétrico, o leilão foi avaliado por especialistas como bastante positivo. Segundo informações da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia (Abradee) a exposição das distribuidoras é de 3.200 megawatts médios (MWm), porém, somando a energia que deve entrar no sistema até o final do ano, o número cairia para 2.400 MWm. Dessa forma, o leilão teria coberto 85% da necessidade das distribuidoras.

Com esse resultado, as empresas deixarão de comprar 2.046 MWm no mercado livre e ficarão descobertas em 300 MWm e não quase 1.200 MWm, segundo o cálculo anterior. No total, a energia contratada no leilão soma R$ 27,3 bilhões e será entregue a partir de maio até 2019.

Gasto extra pode gerar tarifa maior, diz Aneel

Agência Estado

A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) considera que ainda é muito cedo para saber o real impacto do leilão de energia (A-0) nas contas de luz, mas o diretor da agência Romeu Rufino explicou que, no caso das empresas que ainda devem passar pelo reajuste tarifário anual, como a Copel, o valor dos contratos já deve ser incluído no cálculo e pode gerar como impacto uma alta maior do que a esperada inicialmente.

Isso porque no caso das empresas que já passaram pelo reajuste até agora, a Aneel considerou na composição do custo com energia o valor do mix de contratos existentes mesmo para o montante de energia descontratada. Conforme Rufino, esse valor é da ordem de R$ 160 o MWh, abaixo dos R$ 268,33/MWh.

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