O mercado apostava todas as fichas em um corte de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros na reunião do Copom que terminou na quarta-feira (11). A redução maior, de 0,75 ponto, foi uma surpresa para os analistas e fez muita gente refazer as contas. Agora, o discurso é o de que o ritmo de redução nos juros vai ser mais rápido.
O Banco Central já tinha razões suficientes no fim do ano passado, na última reunião do Copom, para acelerar o corte de juros. Dois motivos principais para isso: a inflação já estava caindo mais do que o esperado e a atividade econômica estava mais lenta até do que os pessimistas projetavam para o último trimestre.
A taxa de juros influencia esses dois fatores e é influenciada por eles. Quando sobe, ela retira dinheiro de circulação e dá suporte para a redução da inflação. Ao mesmo tempo, esse processo reduz a atividade econômica,o que também diminui as pressões inflacionárias. Era de se esperar que uma atividade mais fraca propiciasse, portanto um corte maior nos juros.
O mercado centrou seus olhares na crise política ainda não resolvida, superestimou os efeitos da vitória de Donald Trump nos Estados Unidos e não percebeu que a economia real vai demorar mais do que se imaginava para se recuperar. Ao aceitar essa mesma leitura no fim do ano passado, o BC atrasou o relaxamento da política monetária. Mas seu presidente, Ilan Goldfajn, percebeu rapidamente que o Copom havia sido conservador demais e deu declarações em dezembro que indicavam uma virada nos juros.
O BC tende no longo prazo a concordar com mercado, mas há momentos em que ele precisa liderar os movimentos no tabuleiro da política monetária e isso tem de ser bem comunicado. No início do ano passado, o então presidente do BC, Alexandre Tombini, encenou um ato incomum ao emitir um comunicado dias antes do Copom dando a entender que a elevação dos juros pararia. Foi um erro de comunicação, mas um acerto de política monetária – contrariando o consenso do mercado, que acreditava em um aperto maior para segurar a inflação.
Desta vez, a comunicação foi melhor e o mercado não refez suas contas. No ciclo atual de redução dos juros, houve um corte de 1,25 ponto percentual. Disso, 0,5 ponto foi para compensar a inflação mais baixa (o mercado superestimou o IPCA, o que fez os juros reais subirem ao longo do ano). O resto antecipa uma necessidade menor de juros para completar o caminho para o IPCA fechar o ano na meta de 4,5%. Com a atividade econômica ainda muito fraca e a desinflação mais disseminada, como disse o Copom, em seu comunicado, falta pouco para a missão ser cumprida. Assim, os juros podem caminhar para a neutralidade já no ano que vem (abaixo de 9% ao ano, diante dos atuais 13%).
Há riscos na decisão do BC? Poucos. O pior cenário seria de uma crise internacional grave, vinda da China ou de alguma medida inesperada de Trump. Internamente, a equipe econômica parece comprometida em segurar o déficit público dentro do programado. Um acirramento da crise política não pode ser descartado, mas é possível que tivesse efeito deflacionário por atrasar a retomada.
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