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 | Mel Gabardo / Gazeta do Povo
| Foto: Mel Gabardo / Gazeta do Povo

Ajuste-se

Para usar bem o cartão de crédito, siga algumas dicas:

Restrinja o limite do seu cartão

Para que os gastos com o cartão de crédito não sejam muito superiores à sua capacidade de pagamento, contrate planos com limite de até 50% da sua renda.

Controle os seus gastos

O cartão de crédito pode proporcionar o sentimento de compulsão na hora das compras. Lembre-se de que a fatura acumula todos os gastos no fim do mês. É recomendável que o cartão seja usado moderadamente.

Evite o pagamento mínimo

Se não for possível pagar a fatura na íntegra, procure pagar o máximo possível. O recurso do pagamento mínimo deve ser usado em último caso. Além de altos juros, o pagamento mínimo gera o acúmulo da fatura para o mês seguinte.

Sem renda, suspenda o consumo

Quando os recursos se esgotarem, suspenda o consumo com o cartão. Ele é a dívida mais cara que se pode contrair. Privilegie outras formas de crédito.

Troque de dívida

Se a dívida do cartão de crédito se descontrolar com o passar dos meses, tente um empréstimo para pagar a fatura. Os juros do cartão chegam a ser 100% mais caros do que a taxa de um empréstimo pessoal.

A concorrência com outros produtos financeiros e a pressão do governo federal levou, nos últimos dias, alguns bancos a anunciarem reduções nos juros dos cartões de crédito. No início do mês, Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil anunciaram cortes de até 52% nas suas taxas. Na segunda-feira, foi a vez do Bradesco baixar de 14,9% para 6,9% para os cartões com bandeiras Visa, American Express, ELO e Mastercard – uma redução de 54%. Trata-se de um segmento crucial para os brasileiros: 75% das dívidas das famílias do país são com as administradoras de cartões. Mesmo assim, os juros mantinham-se intocados há 30 meses, com uma taxa média de 10,69% ao mês (238,3% ano ano).

A persistência dos juros dos cartões é surpreendente quando comparada à trajetória da taxa Selic, que serve de referência para todo o mercado financeiro. Nos últimos 12 meses, ela caiu de 12% ao ano para 7,5% – uma redução de 37,5%. Economistas apontam três razões principais para esse fenômeno: o aumento na demanda (que se traduz pela preferência do brasileiro por esse meio de pagamento), o baixo grau de concorrência no mercado e a inadimplência.

Preferência

"Quando vai comprar um remédio ou fazer as comprar do mês, a pessoa usa o cartão. Se for necessário, faz o pagamento mínimo da fatura e rola a dívida. É muito mais prático e popular do que qualquer outro crédito", justifica o professor de Gestão de Operações e Serviços Bancários na Fundação Vanzolini, Ricardo Rocha. "Mas a redução das taxas é algo que o consumidor poderia ter obrigado os bancos a fazer meses atrás, buscando outras taxas e outras fórmulas, deixando o plástico de lado", afirma.

Inadimplência?

Apesar de um tímido recuo no índice geral, a inadimplência de dívidas não bancárias, entre elas as dos cartões de crédito, apresentou alta de 1,5% em agosto, de acordo com o Serasa Experian. A inadimplência a altos patamares é uma das justificativas pela taxa elevada cobrada pelas empresas nos rotativos do cartão. "A conta da dívida é cobrada do bom pagador", explica Rocha.

O diretor da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, contesta a formula. "É um ciclo. Taxas a níveis impraticáveis geram inadimplência", defende. Ele afirma que não existem motivos para que o cartão tenha passado incólume por tanto tempo, enquanto as outras modalidades de crédito sofreram reduções entre 15% e 25% nas suas taxas de juros. "Mesmo com uma eventual queda em função da concorrência com outros produtos, as taxas são muito altas. Alguns bancos chegam a cobrar juros de 18% ao mês", completa. A falta de competidores no segmento – duas ou três grandes bandeiras de cartões operam no país, e têm entre seus sócios alguns poucos bancos – é outra explicação para a manutenção dos juros altos.

BastidoresBradesco e Caixa anunciam cortes após pressão do BC

O anúncio da redução dos juros acontece depois de o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ter declarado que os juros do crédito rotativo são fator de alto endividamento dos brasileiros. A presidente, Dilma Rousseff, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, já demonstraram insatisfação quanto aos níveis do preço cobrado pelo crédito dos cartões.

O diretor-executivo do Bradesco, Marcelo Noronha, afirmou que a "demanda da sociedade" pesou mais que a pressão do governo para a decisão do corte dos juros. Segundo Noronha, as compensações virão com o aumento da base de clientes e das transações. O HSBC disse que está estudando se fará reduções e o Santander informou que está avaliando o atual cenário de queda das taxas. "Os juros devem passar de uma média de 11% para 6%, mas tudo depende do cenário da inadimplência e da economia mundial", acredita o professor de Gestão de Operações e Serviços Bancários na Fundação Vanzolini, Ricardo Rocha.

Ontem, a Caixa anunciou novo corte nos juros, agora para seu cartão de crédito Construcard, destinado à compra de materiais de construção, e ao novo Moveiscard, destinado à compra de mobiliário. Os novos juros são de 0,90% ao mês mais Taxa Referencial (TR), e o prazo é de até 72 meses para pagar. As novas taxas valem para clientes com renda individual mensal de até 1,6 mil reais. As condições passam a valer em outubro.

Maior do mundo

O alto patamar dos juros dos cartões praticados no Brasil (238,3% ao ano) fica explícito quando comparado a outros países. Segundo levantamento da Anefac, da Proteste e dos sites Index Credit Cards e Money Facts, que comparou as taxas de nove países, o rotativo do cartão do brasileiro é quatro vezes mais caro que no Peru e no Chile, segundo e terceiro colocados, no ranking, onde a taxa anual fica na casa dos 55% ano ano. Nos Estados Unidos e no Reino Unido, o patamar é muito inferior, de 16,89% e 18,7%, respectivamente.

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