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Evolução do saldo em transações correntes (em US$ bilhões). Confira |
Evolução do saldo em transações correntes (em US$ bilhões). Confira| Foto:

As transações do Brasil com o exterior registraram o pior resultado para meses de maio desde 2001, segundo o Banco Central. A diferença entre o dinheiro que entrou e o que saiu do país no fluxo de bens e serviços gerou um déficit de US$ 2 bilhões. Maio é normalmente um período positivo para as contas externas, principalmente devido ao aumento das exportações agrícolas.

Neste ano, porém, a melhora no comércio exterior não foi suficiente para cobrir a alta no gasto com serviços e nas remessas de lucros e dividendos para fora do país. Segundo o BC, a alta do déficit está sendo puxada por fatores ligados à aceleração da economia. Subiram os gastos de turistas no exterior, as despesas com transporte e aluguel de equipamentos e o envio de lucro de filiais brasileiras para fora do país.

Com o resultado negativo em US$ 18,7 bilhões no acumulado do ano, o BC manteve a previsão de terminar 2010 com um déficit recorde de US$ 49 bilhões. Houve uma melhora nas expectativas em relação à balança comercial, cuja previsão de superávit passou de US$ 10 bilhões para US$ 13 bilhões. Esse aumento será compensado, no entanto, pelas maiores despesas com serviços, segundo o BC.

Para analistas, as contas externas começam a se aproximar de um patamar desconfortável. O presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização (Sobeet), Luis Afonso Lima, diz que o déficit deve alcançar, dentro de um ano, a marca de 3% do PIB, ante 2,4% de agora. "A luz amarela acende quando se começa a chegar a esse patamar do PIB. Isso pode deixar o credor externo desconfortável e levar a um ajuste na taxa de câmbio.’’

Segundo o chefe do Depar­tamento Econômico do BC, Altamir Lopes, a relação entre contas externas e PIB já foi pior – chegou a mais de 4% em 1999 e 2002. Ele diz também que o resultado tende a se ajustar de acordo com o desempenho da economia.

Investimento

Pela primeira vez em nove anos, a entrada de capital estrangeiro no setor produtivo não será suficiente para financiar esse déficit. A crise na Europa levou o BC a reduzir a previsão de investimentos estrangeiros diretos neste ano, de US$ 45 bilhões para US$ 38 bilhões. Com isso, o país ficará mais dependente do fluxo de dólares no mercado financeiro. No mês passado, o investimento direto registrou o melhor resultado para meses de maio da série histórica iniciada em 1947 (US$ 3,5 bilhões). No acumulado do ano até maio, entretanto, o país registrou ingresso de US$ 11,4 bilhões, praticamente igual ao valor verificado no mesmo período de 2009.Aumentam os gastos de turistas brasileiros

O aumento nos gastos dos turistas brasileiros no exterior levou o Banco Central a revisar o dado de viagens internacionais das contas externas. A diferença entre o que os brasileiros gastam lá fora e as despesas de turistas estrangeiros no país deve ficar em US$ 8 bilhões, acima dos US$ 7,5 bilhões previstos anteriormente. Isso significa que o país está enviando mais dinheiro para fora do que recebendo, fator que ajuda a aumentar o déficit nas contas externas. No ano passado, os brasileiros gastaram lá fora US$ 5,6 bilhões a mais do que os estrangeiros trouxeram para o país, número recorde. Nos cinco primeiros meses de 2010, os gastos dos brasileiros fora do país já somam US$ 5,7 bilhões, 65% acima do registrado no ano passado. O gasto de estrangeiros está em US$ 2,5 bilhões, aumento de 17%.

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