O debate internacional sobre um plano de resgate para o sistema financeiro da Europa, a exemplo do Plano Paulson, nos Estados Unidos, continua provocando polêmica 24 horas antes da reunião de chefes de Estado e de governo, prevista para a tarde do sábado, em Paris. Na manhã desta sexta-feira, o presidente do Banco Central Europeu (BCE), o francês Jean-Claude Trichet, voltou a defender "uma resposta européia" para a crise, que já levou governos de nove países a intervir no sistema bancário.
Na opinião de Trichet, a cúpula de Paris precisa resultar em um plano de ação conjunta em caso de agravamento dos problemas de liquidez que afetam bancos na Europa. "É preciso fazer de tudo para preservar a unidade dos europeus", afirmou, em entrevista à rádio Europe 1. "Eu pedi aos governos que sejam o mais reativos possível, já que nós podemos ir mais longe." No meio da semana, uma polêmica eclodiu entre os governos da Holanda, Bélgica e França, de um lado, e da Alemanha, de outro.
Holandeses, belgas e franceses seriam supostamente mais receptivos à idéia de um fundo de resgate aos bancos - estimado em 300 bilhões -, cujos recursos teriam origem em uma fatia de 3% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país da União Européia A idéia de uma ação coordenada chegou a ser defendida na Comissão Européia, em Bruxelas. No entanto, após a negativa enfática do ministro da Economia alemão, Peer Steinbrück, o projeto parecia ter perdido aqueles que o defendiam em voz audível até que, nesta sexta-feira, Trichet trouxe a proposta novamente à tona.
Até o momento, as medidas contra a crise têm sido tomadas em separado pelos governos envolvidos. Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França e Islândia anunciaram nos últimos sete dias a nacionalização de bancos. Outros dois governos, da Irlanda e da Dinamarca, agiram garantindo depósitos e créditos e intermediando fusões e vendas de instituições.
A cúpula extraordinária de Paris vai reunir no sábado, a partir das 16h30min (horário local, 11h30min de Brasília), chefes de Estado e de governo da França, do Reino Unido, da Alemanha e da Itália (os membros europeus do G-7), além de representantes do Eurogrupo, que reúne ministros de Economia e Finanças do bloco. São esperados ainda autoridades monetárias de vários países - entre os quais o presidente do BCE - e o presidente da Comissão Européia, José Manuel Barroso.
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