A retração de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre de 2008 aumentou a pressão pela derrubada da taxa básica dos juros, a Selic, pelo Comitê de Política Monetária (Copom). Muitos defendem cortes de um a dois pontos porcentuais na Selic - que hoje está em 12,75% ao ano - na reunião da autoridade monetária que termina hoje.
"Como a atividade está fraca, o BC deveria cortar os juros em dois pontos porcentuais. Mas isso não deve ocorrer porque o BC diria que tal medida é politicamente incorreta. Mas, se o Copom diminuir a Selic em 1,5 ponto porcentual, mando rezar uma missa ecumênica", disse o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto. Na avaliação dele, a retração do PIB mostra que os efeitos da crise mundial são "piores do que se imaginava".
Para o ex-ministro, o recuo da economia foi tão forte que deve provocar um "efeito carregamento" (carry over) de -1,5% para o PIB em 2009. "É uma herança muito ruim, que nos levará a ter a necessidade de crescer o máximo possível nos próximos trimestres para atingir uma taxa razoável este ano em meio à forte recessão mundial.
Ex-diretor do BC e hoje economista-chefe do banco Santander, Alexandre Schwartsman, prevê um corte de 1,5 ponto na taxa Selic. "É difícil fazer diferente."
Integrante do grupo mais conservador da primeira equipe de Henrique Meirelles no BC, Schwartzman considera defensável um corte mais agressivo da Selic, dada a conjuntura de forte desaceleração da economia brasileira. O ex-presidente do Banco Central Afonso Celso Pastore também defende um corte expressivo, de 1,5 ponto. "Se o BC acelerar desse jeito, ele não estará cedendo à pressão política, mas simplesmente fazendo a coisa tecnicamente correta."
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