Criação de vagas perde força

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O mercado de trabalho dá sinais de desaceleração e as medidas do governo para conter a inflação devem diminuir o ritmo de atividade do país. Mas, mesmo assim, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, mantém a projeção de que 3 milhões de novos empregos com carteira assinada serão criados neste ano.

Em janeiro, foram gerados 152 mil postos, já descontadas as demissões, uma diminuição em relação às 181 mil vagas líquidas formais vistas no mesmo mês de 2010. O setor de serviços foi o principal responsável pelo resultado, com a abertura de 73.231 vagas, recorde para o mês. A indústria vem em seguida, com a criação de 53.207 postos, enquanto que a construção civil gerou 33.358 empregos no mês passado. Como geralmente ocorre no mês de janeiro, quando há o fim dos contratos temporários, o comércio registrou o fechamento de 18.130 vagas.

Para Lupi, o que vale é que o número divulgado ontem é o segundo melhor para o mês de janeiro, perdendo apenas para o de 2010. O ministro não entende a diferença de um ano para o outro como uma desaceleração, e defende que janeiro de 2010 foi fortemente influenciado pela contratação de funcionários pela indústria brasileira, que acabou dispensando seus quadros no auge da turbulência econômica.

"Nós tivemos em janeiro de 2010 um efeito de crescimento da contratação, comparado com as demissões que tivemos em 2009. Então, muitas empresas começaram a recontratar empregados que haviam demitido anteriormente. O que vemos agora é uma adequação do emprego ao mercado de trabalho, ao resultado da economia a cada ano", disse o ministro.

Na avaliação de Lupi, o quadro atual da economia brasileira é passageiro. "Essa fotografia de taxa de juros maior e crédito menor deve começar a mudar em três ou quatro meses", disse. "O que estamos vendo é uma adequação do governo para que a inflação não volte", acrescentou.

O ministro acredita que a engrenagem voltará a funcionar com força total nos próximos meses, o que deve levar o emprego a registrar um novo recorde este ano. No início de 2010, o Ministério do Trabalho estimava a criação de 2,5 milhões de vagas. Ao fim do ano, a série sem ajustes apontava 2,1 milhões de novos postos de trabalho, e a meta foi atingida somente com a antecipação de declarações normalmente feitas pelas empresas no ano seguinte.

Paraná

No Paraná, a criação de vagas de trabalho em janeiro de 2011 superou a do mesmo período do ano passado, e cravou o recorde para o mês desde 2003. Foram computados 14,9 mil novos postos de trabalho no estado, ante 13,9 mil em janeiro de 2010. O crescimento em números absolutos, porém, foi inferior ao registrado em Santa Catarina (16,9 mil) e no Rio Grande do Sul (17,2 mil).

Ao comparar os porcentuais de crescimento para janeiro, o Paraná também fica na rabeira da Região Sul. Enquanto o total de empregados formalizados no estado aumentou 0,63%, a vizinha Santa Catarina cresceu 0,97% e o Rio Grande do Sul, 0,73%, todos em comparação com janeiro de 2010. Os setores que mais criaram vagas no Paraná em janeiro foram a indústria, com 5.860 postos, e os serviços, com 5.460 vagas.

Salários

O Ministério do Trabalho informou também que o salário médio de admissão subiu 4,78%, já descontada a inflação, de 2009 para 2010, passando de R$ 795,81 para R$ 833,86. Apesar disso, foi verificado um distanciamento ainda maior entre a remuneração feminina e a masculina, já que o reajuste dos homens no ano passado foi em média de 5,20%, contra 4,09% para as mulheres.