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As fortes turbulências no mercado financeiro geradas pela crise no mercado imobiliário americano têm afastado alguns pequenos investidores que operam por meio do sistema de home broker das negociações na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Apesar do recorde de valores negociados e do crescimento de investidores registrados, o número de home brokers que efetivamente operaram na Bovespa recuou em agosto pela primeira vez desde setembro de 2006.

Segundo dados da Bovespa, 131.650 home brokers fizeram pelo menos uma oferta para comprar ou vender ações na bolsa no mês passado, ante 132.895 em julho. Apesar do recuo ser discreto, desde setembro (quando era de 56.749) o número de home broker ativos cresceu ininterruptamente e dobrou nos últimos doze meses.

O gerente comercial da Ágora Corretora, Hélio Pio, avalia que o que pode ter ocorrido no mês passado é que os pequenos investidores evitaram operar em meio à volatilidade e afirma que não houve queda pela demanda destes serviços. A tese do analista é apoiada pelo registro na Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) de investidores pessoas físicas que passou de 278.305, em julho, para 284.005, em agosto. O total de registros de home brokers não foi informado, mas a maioria das pessoas físicas opera por meio da internet.

- Isso (a redução do número) é sinal de que os investidores estão esperando a volatilidade diminuir para operar. Na verdade, acho que os pequenos investidores estão muito mais bem informados e preparados do que em crises anteriores - afirma.

Segundo Pio, de 1 mil a 1.500 novos clientes se cadastram no serviço de home broker da Ágora por mês e, em agosto, a média se manteve. No total, ele diz que a Corretora já tem 50 mil clientes operando via home broker. Para ele, a procura deve continuar a crescer.

- Enquanto continuar a tendência de rendimento cada vez menor para a renda fixa e as empresas brasileiras continuarem com boas perspectivas de lucros, a procura para investir em bolsa continuará crescendo - afirma Pio.

O gerente de home broker da corretora Prosper Trade, Samuel Bosnic, conta que, durante o período de maior turbulência no mercado, aumentou a procura por informações sobre o mercado entre os clientes da corretora. Segundo ele, as consultas aos relatórios de mercado e as consultas às apresentações diárias dos analistas da corretora aumentaram em agosto.

Bosnic também acredita que o que pode ter influenciado o número de home brokers operando na Bovespa foi o fato de os investidores terem optado por manter suas posições e esperara a volatilidade diminuir para vender ou comprar ações. Na avaliação dele, que diz que o número de cadastros de home brokers na corretora continuou a crescer em agosto, esse mercado está em franca expansão e não deve ser afetado pelas turbulências geradas pela crise imobiliária nos Estados Unidos.

- No Brasil, a participação média do home broker nas negociações da Bolsa ainda está em 23%. Na Europa, cerca de 50% do movimento é desse tipo de investidores. Esse mercado ainda vai crescer muito. O home broker é o meio mais fácil e mais transparente de se operar na Bolsa - avaliou.

Segundo os dados da Bovespa, o volume total de recursos movimentados pelo sistema home broker continuou a tendência de crescimento. No mês passado, os investidores movimentaram na Bovespa via home broker R$ 18,3 bilhões, ante R$ 15,7 bilhões em julho, batendo novo recorde. O número de negócios também aumentou de 1,862 milhão, em julho, para 1,911 milhão, em agosto.

O coordenador de Home Broker da Schain Corretora, Gustavo Erlichman, afirma que na sua corretora o número de home brokers também continuou crescendo em agosto e que o de investidores que fizeram ofertas de compra ou de venda de ações também cresceu.

- Acho que os clientes da corretora aproveitaram a queda dos preços para comprar mais ações e, com a recuperação do mercado, muitos venderam papéis. Com isso, o número de operações aqui na corretora foi recorde - avaliou.

Erlichman também acredita que as turbulências do mercado não afetará o crescimento do mercado.

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