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A fábrica paranaense da Volkswagen/Audi vai encerrar nas próximas semanas a produção do Audi A3. O modelo – fabricado desde a inauguração da unidade, em 1999 – tem vendas em queda há cinco anos, e sua linha não será renovada no Brasil. Com o fim da produção, o logotipo da "Audi" não terá mais motivo para aparecer na entrada da fábrica de São José dos Pinhais, que se limitará a montar veículos da Volks.

A suspensão é mais um dos sintomas da crise enfrentada pelo parque automotivo paranaense, o terceiro maior do país em produção e número de fornecedores. Se o desempenho do primeiro semestre se repetir entre julho e dezembro, o estado deve encerrar o ano com produção de 279,3 mil automóveis, caminhões, ônibus e máquinas agrícolas. Embora represente o segundo melhor da história, o resultado significaria a primeira queda em quatro anos no volume produzido, com redução de 8,3% em relação ao ano passado – enquanto a indústria automotiva nacional trabalha com previsão de crescimento de 6% no mercado doméstico.

Com a redução da produção na Volks, é grande a possibilidade de que a Bahia, que abriga a nova fábrica da Ford, ultrapasse o Paraná em número de veículos produzidos em 2007. No ano passado, o estado do Nordeste, quarto maior pólo automotivo do país, produziu quase 60 mil veículos a menos que o Paraná.

"É muito azar para pouco fabricante. Os problemas de cada uma das empresas não tem a ver com o fato de elas estarem no Paraná. O que ocorre é que, casualmente, o estado conseguiu reunir quatro montadoras com dificuldades específicas", analisa Richard Dubois, consultor do setor automotivo. Os problemas começaram com as graves dificuldades do agronegócio – que tiveram impacto principalmente na fábrica de tratores e colheitadeiras da Case New Holland (CNH) e na planta de ônibus e caminhões da Volvo –, aumentaram com a desvalorização do dólar e se agravaram com a estagnação da Renault/Nissan e a recente reestruturação anunciada pela Volkswagen. Inicialmente prevista para o fim do ano, a demissão de 900 funcionários da VW/Audi foi postergada para janeiro.

Por conta destes percalços, até seis mil pessoas estão com o emprego ameaçado, segundo estimativa do Sindicato da Indústria Metal-Mecânica do Paraná (Sindimetal-PR). Hoje, quase 10 mil pessoas trabalham nas montadoras e outras 15 mil nos quase 80 fornecedores instalados no estado. Desses, 53 são filiais de empresas estrangeiras, o que complica ainda mais a situação – para elas, se o cenário for desfavorável, não há maior dificuldade em interromper a produção aqui e retomá-la em locais mais rentáveis.

As demissões já começaram. Nas montadoras, foram 516, enquanto os fornecedores mandaram embora pelo menos 646 trabalhadores. A Kromberg & Schubert, multinacional alemã que produz chicotes elétricos está encerrando suas atividades e 600 pessoas já perderam o emprego. Recentemente, a Metagal, fabricante de retrovisores, demitiu 11 de seus 40 funcionários. Na Peguform, que produz pára-choques, 35 de um total de 400 empregados foram mandados embora em duas semanas. O possível fechamento da fornecedora de componentes do sistema elétrico Delphi, adiantada por uma fonte do setor, pode tiraria o trabalho de aproximadamente 100 pessoas.

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