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Crise Argentina
| Foto: Bigstock

A crise da Argentina, quarto maior parceiro comercial brasileiro e principal destino das exportações de produtos industrializados, vai ser responsável por um crescimento menor, de pelo menos, meio ponto percentual da economia do Brasil neste ano. A constatação é da pesquisadora Luana Miranda, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

A projeção da instituição é de que o PIB brasileiro cresça 1,1%. Mas há previsões piores. Instituições financeiras ouvidas pelo Banco Central (BC) sinalizam para uma expansão de 0,8% em 2019.

Luana aponta que o impacto pode ser maior. É que os dados foram pesquisados antes da realização das prévias eleitorais, que sinalizaram a vitória da chapa oposicionista na disputa pela Casa Rosada (sede do governo argentino).

De lá para cá, o dólar entrou em nova espiral de alta e o presidente Maurício Macri solicitou uma renegociação dos empréstimos do país junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI). A economia argentina deve encolher em 2019 e 2020, aponta levantamento feito pelo Itaú BBA.

O complexo cenário argentino ganhou um novo complicador nesta quarta, com a decisão do FMI em suspender o acordo de US$ 56 bilhões, assinado no ano passado. O órgão afirmou que é preciso esperar passar o cenário de instabilidade econômica e política.

Negócios em baixa com crise argentina

As exportações para a Argentina encolheram 54,5% nos oito primeiros meses do ano, em comparação a igual período de 2018, segundo dados da Secretaria Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais.

Quem puxou a queda, sendo responsável por metade dela, foi a venda de itens usados no processo de industrialização nas empresas argentinas. Nos 12 meses encerrados em julho, a produção industrial do país vizinho  encolheu 48,8% em relação ao período anterior, aponta o Instituto Nacional de Estatística e Censos da República Argentina (Indec).

“Os argentinos estão comprando menos. A queda começou no segundo trimestre do ano passado e teve seu ponto mais baixo no primeiro trimestre do ano”, diz Luana.

Segundo ela, os impactos da crise argentina na economia brasileira serão maiores em 2019, já que deve abranger todo o ano. No ano passado, os impactos foram sentidos a partir de maio, quando o presidente argentino Maurício Macri afirmou que recorreria ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para pedir ajuda econômica. “A situação é mais crítica.”

Maiores impactos

Um dos segmentos que mais sentiu foi o de autopeças, puxada pela retração da  indústria automobilística local, cuja produção caiu 35,9% no ano, de acordo com a Associação das Fábricas de Automóveis (Adefa, na sigla em espanhol). As exportações para a Argentina caíram 20,8%, atingindo US$ 1,02 bilhão entre janeiro e agosto. O país perdeu a liderança no ranking dos principais destinos das autopeças brasileiras para os Estados Unidos.

O impacto não se restringe à indústria de transformação. Outros segmentos que também são afetados são os de serviços e transporte, o que acaba se traduzindo em uma arrecadação menor no Brasil.

“Não há alternativas para driblar esse cenário adverso. Depende muito do cenário internacional.” Alternativas, segundo ela, só no longo prazo, com a costura de novos acordos comerciais que reduzam essa dependência. A Argentina compra 58% dos carros exportados pelo Brasil e aproximadamente 20% das autopeças.


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