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Cerca de 35 mil profissionais e empresários devem conferir de perto, nos próximos quatro dias, as dificuldades vividas pela indústria metal-mecânica paranaense e as estratégias que algumas empresas do setor encontraram para superar a crise. Aberta ontem, no pavilhão de exposições Expo Trade, em Pinhais (região metropolitana de Curitiba), a 16.ª Feira Sul Brasileira da Indústria Metal-Mecânica (Expomac 2006) reúne 220 empresas de todo o país, que expõem suas novidades em peças e equipamentos.

A previsão é que os expositores fechem negócios de aproximadamente R$ 80 milhões até o encerramento da feira, no próximo sábado. O valor é o mesmo da última edição realizada em Curitiba, há dois anos.

De acordo com Roberto Karam, presidente do Sindimetal-PR, que representa as empresas do setor, a maioria dos segmentos da indústria metal-mecânica está em retração – o que é péssimo para a economia paranaense, uma vez que o faturamento das 6,5 mil empresas do setor, de R$ 47 bilhões por ano, representa 28% de todas as vendas industriais do estado. "A valorização do real encareceu o produto brasileiro, reduzindo as exportações", explica Karam. "Mas alguns segmentos, como os que fabricam peças para manutenção de automóveis, estão indo bem. Com a queda dos pedidos das fábricas, eles se voltaram para o mercado de reposição, que sempre tem boa demanda."

Para o empresário, o mesmo dólar baixo que derruba as exportações representa a oportunidade para que as empresas invistam em tecnologia – isso porque, como a maioria das máquinas industriais têm componentes importados, os preços estão mais baixos. "Quem investe em tecnologia reduz seus custos e torna seu produto mais competitivo. Espero que os empresários percebam isso", diz Karam.

A Fersul Fundição, de Pato Branco (Sudoeste do Paraná), é uma das empresas que sofrem com a desvalorização da moeda americana. Em 2004, a companhia investiu o dobro de seu patrimônio na automação da produção, mas a queda do dólar comprometeu as exportações, que respondiam por 30% do faturamento.

Fornecedora da fabricante de colheitadeiras John Deere, instalada no Rio Grande do Sul, a Fersul ainda foi atingida pela crise do agronegócio – cujo impacto foi sentido em boa parte da indústria metal-metânica do Paraná, que tem entre seus principais clientes as fábricas de máquinas e implementos agrícolas. A receita da Fersul deve cair 20% neste ano, na comparação com 2005, conta o diretor administrativo Evandro Neri. Há dois anos, a meta era crescer 50% até o fim de 2006.

A Parafusos São José, de São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) contabiliza queda de 30% nas receitas em 2006. "Mas nos últimos meses a construção e a eletrificação voltaram a comprar, o que nos faz acreditar em resultados melhores até o fim do ano. Mas o que nos segurou mesmo foi o setor ferroviário, que tem investido muito", explica o sócio-diretor da empresa, Pedro Iida.

O bom desempenho de empresas que controlam ferrovias, como a América Latina Logística (ALL), é uma das explicações para o sucesso da Perfimec S.A., que integra a seleta lista das empresas que têm bons motivos para comemorar em 2006. Distribuidora de aço e prestadora de serviços como perfuração, corte e dobra de chapas e vigas, a empresa curitibana deve faturar 30% a mais do que previa no orçamento elaborado no início do ano. O segredo, conta Ivo Wolff Júnior, diretor administrativo da Perfimec, foi concentrar a atividade em clientes que estão faturando alto. "A indústria de máquinas pesadas está em retração, mas fábricas de estruturas metálicas, implementos rodoviários e a própria construção civil estão bastante aquecidas", diz Wolff Júnior.

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