• Carregando...

A combinação de preocupações com o mercado imobiliário e de crédito americano com a alta do petróleo e uma crise em fundos australianos fez com que a Bolsa de Valores de São Paulo voltasse ao patamar dos 53 mil pontos e encerrasse os negócios desta quinta-feira com queda de 3,78%. Durante o dia, as ações chegaram a cair mais de 6%, aos 52.627 pontos, mas se recuperaram e levaram a bolsa paulista aos 53.882 pontos, com volume financeiro de R$ 6,030 bilhões. Com o deslocamento de capitais do país, o dólar subiu 3,32%, a R$ 1,9280 - a maior alta diária em mais de um ano. O risco-país subiu 20,9%, aos 220 pontos básicos, voltando a um patamar superior a 200 pontos básicos - o maior nível desde dezembro de 2006.

Na Austrália, o grupo Absolute Capital suspendeu os resgates de dois de seus principais fundos de investimento em função de uma queda de 6% em um mês. A notícia ecoou em mercados do mundo inteiro.

- É engraçado porque foi só sair esta notícia para a bolsa cair 6% em um dia - observa Fabio Cardoso, gestor de renda fixa da Máxima Asset.

Para ele, não há motivos para preocupação no momento.

- Na prática não houve nenhuma notícia mais preocupante, não teve nenhum credor bom que virou ruim. Está tudo dentro das previsões e não vejo motivo para sair correndo da bolsa. Ao contrário, é hora de aproveitar os preços mais baixos para comprar blue chips - diz.

Bolsas pelo mundo têm queda

O Dow Jones recuou 2,26%, oas 13.4736 pontos; o Nasdaq caiu 1,84%, aos 2.599,34 pontos; o S&P, por sua vez, perdeu 2,33%, aos 1.482,66 pontos.

O número de casas novas vendidas nos EUA em junho, divulgado nesta quinta-feira, surpreendeu negativamente o mercado e influenciou no humor de investidores. O indicador chamado New Home Sales apontou vendas de 834 mil casas, contra 893 mil do mês anterior. As expectativas giravam em torno de 900 mil moradias. O recuo é de 6,6%.

Os preços mais altos do petróleo também fizeram pressão no mercado de ações ao longo da manhã. Os contratos do Brent chegaram a alcançar US$ 77 o barril, antes de recuarem a US$ 75,770.

- Os contratos podem chegar a US$ 80 em breve. Acho que este foi o segundo maior motivo para preocupações - disse Ron Kiddoo, chefe de análises da Cozad Asset Mangement, segundo a CNN Money.

Os resultados financeiros de grandes construtoras de imóveis também decepcionaram: A D.R. Horton, segunda maior dos Estados Unidos, teve um prejuízo líquido de US$ 823,8 milhões no terceiro trimestre fiscal de 2007, contra lucro de US$ 292,8 milhões no mesmo período do ano passado.

A Pulte Homes, terceira maior do país, teve prejuízo líquido de US$ 507,6 milhões, contra lucro de US$ 243 milhões um ano atrás.

Influenciadas pelos dados americanos as bolsas européias também registraram perdas e fecharam na segunda maior baixa do ano.

Na avaliação do economista-chefe da Up Trend Economic Advisors, Jason Vieira, o comportamento nos mercados reflete a tão aguardada correção, que começa a se desenhar melhor devido à persistência dos problemas no setor de hipotecas subprime (alto risco) nos EUA. Como as casas novas representam 15% do volume total de vendas de imóveis nos EUA, este é um componente importante para a retomada do crescimento econômico nos EUA.

- A questão do 'subprime' (crédito imobiliário de risco nos Estados Unidos), do medo de que a piora do crédito se espalhe para outros setores - explicou Solange Srour, economista-chefe da Mellon Global Investment Brasil.

É importante lembrar que a economia norte-americana é fortemente alavancada em cima do valor dos imóveis - hipoteca e empréstimos com garantia ligada à moradia. A preocupação é de que problemas no financiamento habitacional respinguem nos demais segmentos de crédito norte-americano, afetando o crescimento da principal economia do mundo. A inquietação com que isso afete os empréstimos para bancar a onda de fusões e aquisições também colabora com os ajustes.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]