A crise no Grupo EBX, do empresário Eike Batista, reforçou o momento de ajuste no mercado de óleo e gás no Rio de Janeiro, pois veio na esteira do freio dos investimentos da Petrobras, que também afetou o emprego no setor. O quadro atual, segundo especialistas, é de um mercado mais equilibrado, com salários mais ou menos estagnados depois das fortes altas recentes.
"A turma da OGX vai sobrar um pouco no mercado e os salários subirão menos", diz Joseph Teperman, sócio da consultoria Flow Executive Finders, especializada em recrutamento. A consultoria não registra queda de salários. Na média, um diretor de negócios do setor ganha entre R$ 35 mil e R$ 45 mil mensais, segundo a Flow. Outro efeito é uma pressa menor em contratar. Segundo a consultoria Michael Page, o tempo médio dos processos seletivos do setor passou de 45 a 50 dias para 100 dias.
Apesar da estagnação, Bruno Stefani, gerente da divisão de óleo e gás da Michael Page, não credita o cenário de ajuste à crise da empresa de Eike. A restrição nos investimentos da Petrobras tem um efeito bem maior. A derrocada do Grupo EBX seria mais simbólica. "No início, quando a gente recrutava muito para o grupo, quando se falava de uma empresa do Eike, o cara levantava logo a mão e dizia que queria trabalhar. Tinha uma imagem de empreendedorismo. Ele mexeu muito, porque pagava bem e vendia bem. Hoje é o inverso", diz Stefani.
Médio prazo
Esse cenário tende a ser pontual. Para Stefani, o mercado de petróleo e gás vai se recuperar no médio prazo, principalmente a partir de 2015. O impulso virá da consolidação dos investimentos na Petrobras no pré-sal. Ex-funcionários lamentam o insucesso de Eike. "Se ele conseguisse desenvolver (os projetos), seria excelente para o País. As empresas dele geraram muitos empregos. O projeto do Porto do Açu, na visão de engenharia, é muito bonito", avalia o engenheiro Alexandre Gerszt, que deixou a OSX e foi contratado por outro estaleiro.
Outro engenheiro, que entrou na OSX como estagiário, quando a empresa foi criada, em março de 2010, e trabalhou lá até junho último, demonstra sentimento semelhante. Segundo ele, no auge da empresa, quando diversos projetos eram tocados, "todo mundo vestia a camisa". "Todo mundo tinha o desejo que todos os planos se concretizassem. Todo mundo era muito motivado, porque eram projetos enormes, que iam melhorar a infraestrutura do País, gerar desenvolvimento, empregar milhares de pessoas", diz o engenheiro, sob condição do anonimato. Colaborou Vinícius Neder. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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